Alguns concelhos do Algarve sentem-se injustiçados por terem sido catalogados como concelhos de risco.
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Os autarcas do Algarve lamentam que, para efeitos de número de contagem de Covid-19, não exista a contabilidade dos estrangeiros que moram na região. Muitos não estão registados e por isso não fazem parte da população.
Para o índice de 240 casos por 100 mil habitantes são contabilizados apenas os residentes inscritos em cada concelho. E essa diferença de números faz toda a diferença porque há vários casos de estrangeiros infetados com Covid-19, o que faz disparar o índice de transmissão.
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"Vamos apresentar à Direção-Geral da Saúde e ao Governo um pedido para que haja um fator ponderador relativamente ao Algarve para poder incorporar outro número na população", diz o presidente da Comissão de Proteção Civil Distrital.
De acordo com António Pina, também presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), o número de estrangeiros que residem na região e não estão inscritos deve chegar aos 25% a 30% da população total.
"Estes estrangeiros não podem contar só para os casos", diz indignado. Na habitual conferência de imprensa quinzenal em que faz o ponto de avaliação epidemiológica na região, António Pina acrescentou que só em Vila do Bispo, um dos concelhos colocado na "lista negra", 70% dos casos de Covid-19 serão de estrangeiros que vivem em autocaravanas. Em Portimão, num parque de campismo em Alvor, há também vários estrangeiros infetados.
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Critérios "podem ser melhorados"
A delegada regional de Saúde considera que o Algarve podia ser considerado como um todo e não concelho a concelho e julga que, de futuro, pode haver afinações nos critérios.
"Na minha opinião os critérios são discutíveis", adianta Ana Cristina Guerreiro. "Podem ser melhorados e organismos regionais e nacionais estamos interessados nisso e eventualmente vamos ter um aperfeiçoamento deste cálculo em situações futuras".
No Algarve surgiram casos de Covid 19 em clubes de futebol de sub-23 e em grupos religiosos, mas a delegada regional de Saúde garante que, resultantes do Grande Prémio de Fórmula 1 realizado em Portimão, não há notícia de infeções senão os 14 casos já registados nas equipas.
"Lembram-se de toda a confusão gerada?", perguntou o presidente da AMAL. "Para a história o que vai ficar é que tivemos zero casos no Algarve. Para que se registe", disse denotando alguma irritação. O Grande Prémio de Fórmula 1 realizou-se no dia 25 de outubro e foi notícia pela negativa, após verificarem-se ajuntamentos de pessoas no Autódromo Internacionaol do Algarve.
Na mesma conferência de imprensa, o presidente da Administração Regional de Saúde do Algarve garantiu que a capacidade hospitalar na região está longe de esgotar e ainda pode triplicar o número de internamentos.