O novo coronavírus chegou a Portugal como um "fenómeno expectável", depois de vários países do mundo e da Europa terem confirmado casos de contágio. Já passaram 184 dias desde o primeiro caso.
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2 de março de 2020. Faz esta quarta-feira seis meses que foram confirmados os dois primeiros casos de Covid-19 em Portugal. Um paciente que esteve de férias no Norte de Itália e outro em Valência. Ambos foram internados no Porto, na altura, e marcaram a chegada do novo coronavírus a território nacional.
Não foi preciso muito tempo até que a reação do Presidente da República chegasse. Marcelo Rebelo de Sousa pediu que não se entrasse em "alarmismos", tendo em conta que se tratava de um "fenómeno expectável". "O que era estranho era haver em todos os países, de onde vinham compatriotas nossos e não existir em Portugal", disse.
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Seguia-se a reação do primeiro-ministro que, além do pedido de confiança no SNS e nos profissionais de saúde, alertou para os "imprevistos da vida económica", neste caso da doença que aos poucos chegava aos quatro cantos do mundo.
Em Portugal, o Governo começava a apresentar as medidas económicas de combate à Covid-19, nomeadamente o lay-off que logo no mês de abril chegaria a abranger mais de um milhão de trabalhadores.
Catorze dias depois do primeiro caso, as escolas fechavam e Portugal preparava-se para o confinamento. A população, fechada em casa de forma inédita, aplaudia à janela os trabalhadores do SNS e deparava-se com novas realidades: teletrabalho e telescola.
O período dramático chegou com o aumento exponencial do número de infeções e de ziguezagues da Organização Mundial de Saúde (OMS), e por arrasto da Direção-Geral da Saúde (DGS), sobre o uso de máscaras, que acabou (mais tarde) por ser recomendado e depois por se tornar obrigatório.
Enquanto os países tentavam arranjar soluções para o momento que se vivia, Bruxelas aprovava, depois de muitas reuniões, avanços e recuos, e ainda com Mário Centeno no Eurogrupo, um megapacote de 500 mil milhões de euros para ajudar os Estados-membros a 'sobreviver' a esta pandemia inesperada e que afetou todo o mundo.
Com as medidas de combate à pandemia e com a decisão da União Europeia, a questão sobre a chegada da austeridade impunha-se, altura em que o Governo garantiu (e insistiu) que não repetiria o erro do passado. O então secretário de Estado das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, assumia à TSF que os portugueses podiam "estar descansados", já que o apoio de Bruxelas não ia converter-se em austeridade.
Aos poucos, a economia foi voltando a abrir portas, as fronteiras reabriram, houve regresso às aulas para os alunos que tinham exames e muitos trabalhadores voltaram aos locais de trabalho, havendo ainda quem se mantenha no trabalho à distância.
Passaram 184 dias desde os primeiros casos confirmados em Portugal e, até agora, o país tem 58 mil infeções confirmadas e morreram mais de 1800 pessoas, uma média de 10 por dia.