Criação da Especialidade de Urgência e Emergência é "dia histórico para a medicina portuguesa"
A especialidade de Medicina de Urgência e Emergência dá os primeiros passos
Corpo do artigo
A Ordem dos Médicos (OM) votou esta segunda-feira favoravelmente a abertura do processo de criação da Especialidade de Urgência e Emergência. Uma reivindicação de há muito tempo, que levou vários especialistas a unirem-se em 2022 e pedirem que esta especialidade avançasse.
No entanto, na altura, a Assembleia da Representantes da OM chumbou a proposta, com 51 votos contra, 21 a favor e três abstenções. Desta vez, a Ordem criou uma comissão de trabalho, que inscreveu esta especialidade nos regulamentos apreciados na reunião desta segunda feira em Coimbra. Tiveram parecer positivo e seguem para discussão pública que tem que ser feita" num mínimo de 6 semanas". A seguir os regulamentos voltarão à Assembleia de Representantes para serem votados, devendo existir uma decisão até final de Setembro ou princípio de Outubro.
O bastonário salienta que o passo seguinte será avançar com um programa de formação.
"É nisso que estamos a trabalhar neste momento. Vai ter que existir também critérios para as idoneidades formativas, isto é, há critérios para estabelecer que hospitais vão poder dar essa formação", adianta Carlos Cortes. "São os dois aspetos mais importantes, e depois haver aqui também um processo de identificação de vagas para se poder iniciar essa especialidade",salienta o bastonário. Carlos Cortes lembra que este regulamento terá também que ter a homologação do Ministério da Saúde. "Se esta especialidade for criada, podemos começar muito rapidamente a ter formação nesta área de diferenciação da medicina", assegura.
O bastonário ressalva que não será esta especialidade que vai resolver todos os problemas que existem nas urgências dos hospitais, mas vai aliviar o trabalho de muitas especialidades, nomeadamente da medicina interna, "que infelizmente leva a que muitos médicos não escolham esta especialidade pela pressão incomportável que existe sobre a urgência".
Primeiro proponente da nova especialidade fala em "sinal favorável"
Vitor Almeida, que há dois anos liderava o Colégio de Competência e Emergência da OM, foi um dos proponente desta nova especialidade no seio do Serviço Nacional de Saúde e considera que "sem sombra de dúvida é um dia histórico para a medicina portuguesa".
O médico lembra que este processo já estava encerrado e que "não só houve uma abertura, como há um sinal favorável da Assembleia de Representantes que tem feito um belíssimo trabalho". O médico elogia o "trabalho positivo por parte do Colégio" que, com algumas modificações, levou a proposta a bom porto e também do bastonário, "que fez pontes e foi uma peça chave". Vitor Almeida lembra que há cerca de uma semana Espanha votou favoravelmente a criação da Especialidade de Urgência e Emergência e que toda a Europa vai nessa direção.
"Não faz qualquer sentido que Portugal esteja fora daquilo que é a evolução da Medicina a nível mundial".