"Criação da ULS Algarve deveria ter sido acautelada." Conselho de administração empurra responsabilidades para Governo
Médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde convocaram uma greve conjunta pelo agravamento das condições de trabalho. Em resposta à TSF, o conselho de administração mostra "disponibilidade total para integrar a totalidade dos trabalhadores dos serviços centrais da ARS na nova ULS"
Corpo do artigo
O processo de criação da Unidade de Saúde Local (ULS) Algarve deveria ter sido "acautelado", defendeu esta quarta-feira o conselho de administração, empurrando responsabilidades para o Governo, após médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde terem anunciado uma greve conjunta para 7 de agosto, em protesto contra a falta de pessoal e o agravamento das condições de trabalho. Em resposta à TSF, o conselho mostrou ainda "disponibilidade total para integrar a totalidade dos trabalhadores dos serviços centrais da ARS na nova ULS".
Em declarações aos jornalistas esta terça-feira em frente ao Hospital de Faro, André Gomes, dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS-FNAM), adiantou que a greve abrange todos os profissionais da saúde que trabalham no Serviço Nacional de Saúde na região do Algarve. Além disso, Rosa Franco, do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas do Sul e das Regiões Autónomas, disse que há entre 80 a cem trabalhadores da ex-ARS que não estão a exercer quaisquer funções e estão "proibidos de o fazer".
Numa resposta enviada à TSF, o conselho de administração da ULS Algarve começa por sublinhar que tanto o atual como o anterior "defendem e sempre defenderam que o processo de criação da ULS deveria ter sido acautelado, de forma a levar em conta a especificidade da região do Algarve, que é substancialmente diferente do resto do país" e empurra responsabilidades para o Ministério tutelado por Ana Paula Martins.
"Em concreto, trata-se da única região na qual existe cem por cento de coincidência geográfica entre a Administração Regional de Saúde (ARS) e a nova ULS criada, o que não sucede noutra região. Por isso, teria sido avisado que a criação da ULS Algarve em janeiro de 2024 ocorresse por fusão da ARS no então Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA). Se assim tivesse ocorrido, a situação alegada relativamente aos trabalhadores e muitas outras situações associadas à extinção da ARS Algarve teriam sido evitadas", acrescenta.
Sobre os trabalhadores que estão sem exercer quaisquer funções, o conselho de administração reiterou que sempre "ofereceram disponibilidade total para integrar a totalidade dos trabalhadores dos serviços centrais da ARS na nova ULS Algarve, à semelhança dos trabalhadores dos serviços descentralizados". No entanto, "não foi esse o caminho e, neste momento, apenas será possível a integração caso os trabalhadores manifestem voluntariamente a sua disponibilidade para solicitar mobilidade para a ULS Algarve".
Médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde vão cumprir uma greve de 24 horas em 7 de agosto, no Algarve, como protesto contra a falta de profissionais e o agravamento das condições de trabalho.