Crianças com autismo ou hiperatividade sem consulta no Amadora-Sintra: "Ficámos sem dois terços da equipa"
"Tínhamos de fazer alguma coisa e, além da obviamente tentarmos recrutar pessoas, tivemos de limitar os critérios de acesso, porque senão o que neste momento temos uma lista de espera de cerca de 14 meses, rapidamente iríamos atingir os dois anos", explica a diretora clínica do serviço de pediatria em declarações à TSF
Corpo do artigo
O Hospital Amadora-Sintra não consegue dar resposta a todas as crianças com suspeita de autismo ou hiperatividade.
"O que se passa é que nós tínhamos uma equipa de três pediatras com diferenciação em neurodesenvolvimento e desde o início do ano podemos dois, ou seja, temos um terço da equipa. Temos um afluxo de doentes de cerca de 900 doentes por ano e temos em seguimento cerca de 1500 crianças. Ora, com saída de dois terços da equipa, tínhamos de fazer alguma coisa e, além da obviamente tentarmos recrutar pessoas, tivemos de limitar os critérios de acesso, porque senão o que neste momento temos uma lista de espera de cerca de 14 meses, rapidamente iríamos atingir os dois anos, o que não pode acontecer", explica à TSF a diretora clínica do serviço de pediatria, Helena Loureiro.
O Diário de Notícias dá conta esta sexta-feira que a falta de pediatras deixa as crianças com essas patologias sem consulta.
"Com a limitação dos critérios, conseguimos priorizar os doentes que obviamente temos que continuar a dar resposta e permitimos que os outros doentes que sejam excluídos destes critérios sejam referenciados a outras instituições de saúde para que realmente as pessoas possam ter o atendimento que precisam, merecem e têm todo o direito a ter", esclarece.
Helena Loureiro descreve quais os critérios para o atendimento prioritário: "Os critérios são serem pré-termos, abaixo das 32 semanas ou com um peso inferior a 1500 gramas terem sido submetidos a tratamentos de hipotermia, que normalmente estão ligados a grandes alterações do desenvolvimento no período em que nascem, terem cromossomopatias, ou seja, crianças com alterações genéticas, e limitamos a idade a crianças abaixo dos 6 anos. Isto porque sabemos que deixamos de fora muita patologia muitíssimo frequente e que nos angustia imenso, enquanto pediatras e pessoas que gostam de ajudar a resolver os problemas destas crianças e destas famílias. Mas, na verdade, uma pessoa não chega para isto. Como é óbvio, agora temos os concursos a decorrer, vamos, penso eu, contratar uma interna que quer ficar connosco para fazer este tipo de consultas, mas, quer dizer, isto é um problema que existe. O aumento de procura é grande em todas as instituições. Agora nós ficámos sem dois terços da equipa e, portanto, não podemos é deixar acumular as pessoas e temos que os priorizar do ponto de vista."
