OCDE teme que muito deste tempo não seja usado de forma eficaz.
Corpo do artigo
As crianças portuguesas passam, ao todo, 5.460 horas em aulas durante o primeiro ciclo do ensino básico (a antiga primária), bem mais que as 4.258 horas da média da União Europeia.
Se juntarmos o segundo ciclo do ensino básico (5º e 6º ano) a diferença continua a ser grande, com os alunos nacionais a estarem 8.214 horas nas salas de aula, bem mais que as 7.260 horas da União Europeia.
O muito tempo que as crianças portuguesas passam na escola é salientado pelo mais recente estudo da OCDE Education at a Glance que acrescenta que este "pode não estar a ser usado de forma tão eficiente como noutros países".
Para fazer a afirmação anterior a OCDE recorda um estudo recente que revela que em Portugal apenas 74% do tempo das aulas é usado, de facto, a ensinar, com os professores a perderem demasiado tempo a manter a ordem e em tarefas burocráticas.
"É preciso tempo para brincar"
O presidente da Associação Nacional dos Diretores Escolares (ANDE) afirma que "cada vez mais os alunos passam demasiado tempo na escola".
"Eu percebo que para as famílias por vezes a escola é a única resposta quando estão a trabalhar, mas a escola não pode responder, como hoje acontece, a tudo, com os prejuízos que daí advêm. Os alunos que estão ali a passar o tempo até ir para casa não são muito beneficiados", explica Manuel Pereira.
O representante dos diretores defende que "muitos dos problemas que as escolas têm hoje passam por este acréscimo de tempo que os alunos passam na escola".
"Já não têm o tempo que tinham para brincar com os avós ou na rua. Neste momento ou estão na escola ou estão em casa e achamos que estão demasiado tempo na escola", afirma o diretor, sublinhando a falta de tempo das crianças para brincar.
Manuel Pereira diz que é preciso encontrar soluções alternativas às escolas ou então que se dê tempo, no emprego, aos encarregados de educação, para poderem acompanhar os filhos.
Professores envelhecidos
Neste Education at a Glance a OCDE volta a recordar o progressivo e cada vez mais "acelerado" envelhecimento dos professores portugueses que já são dos mais envelhecidos entre os países desenvolvidos.
Mais de 40% dos docentes nacionais têm mais de 50 anos (em 2005 eram 22%) e apenas 1% menos de 30 anos (em 2005 eram 16%).
Sobre o ensino superior, o relatório sublinha que apenas 30% dos alunos portugueses que entram numa licenciatura terminam-na no tempo esperado de três anos. Por outro lado, ao fim de seis anos cerca de 26% dos alunos desistiram do curso.
Em paralelo o relatório destaca, no entanto, os avanços de Portugal com cada vez mais jovens a chegarem às universidades e aos politécnicos.