A Ordem dos Enfermeiros critica a constituição de um gabinete de crise para Lisboa e Vale do Tejo, e as razões apontadas por Rui Portugal para as dificuldades na região.
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A bastonária da Ordem dos Enfermeiros acusa a Direção-Geral da Saúde (DGS) de falta de estratégia em Lisboa e Vale do Tejo. Ana Rita Cavaco considera que formar gabinetes de crise não vai resolver os problemas na região, e alerta para um novo foco de infeção no Hospital Egas Moniz, onde já há 11 profissionais de saúde infetados.
Em declarações à TSF, Ana Rita Cavaco critica a decisão da DGS em formar um gabinete de crise para a região de Lisboa, e afiança que, sem estratégia, não há solução possível.
"Fica a ideia de que há aqui uma falta de planeamento e estratégia, que está a ser colmatada com um gabinete de crise, ou, se quiser, uma superestrutura acima da DGS em Lisboa e Vale do Tejo. O foco de desorganização identificado foi a dificuldade em pronunciar os nomes das pessoas", atira.
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Na conferência de imprensa da DGS, esta segunda-feira, o coordenador do Gabinete Regional de Intervenção em Lisboa e Vale do Tejo, Rui Portugal, referiu-se à elevada densidade populacional em Lisboa e às diferentes nacionalidades existentes como um problema acrescido para os profissionais de saúde. A bastonária dos enfermeiros, por outro lado, lembra que os profissionais de saúde lidam com doentes de várias nacionalidades há muitos anos.
"No centro de saúde onde eu trabalhava, falava-se mais inglês do que português. Tínhamos nesta zona uma grande quantidade de população estrangeira, de várias nacionalidades. Portanto, isso não pode ser um argumento. As pessoas têm de ter estratégia, ouvir as Ordens profissionais, que estão fartas de dar sugestões de como ajudar nesta questão, e colocar as coisas em prática", sugere.
A bastonária da Ordem dos Enfermeiros não tem dúvidas de que "criar gabinetes de crise sem implementar medidas concretas não nos vai ajudar".
Egas Moniz com novo foco de infeção
Ana Rita Cavaco confirma à TSF que no Hospital Egas Moniz, em Lisboa, há sete enfermeiros e quatro médicos infetados com o novo coronavírus.
"Nós confirmámos que numa das medicinas do Egas Moniz temos 11 doentes infetados, sendo sete enfermeiros. Como estamos a falar de um hospital não-Covid, o que nos disseram é que estes doentes vão ser transferidos para o Hospital São Francisco Xavier", adiantou.
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A bastonária lembra, no entanto, que no Hospital São Francisco Xavier também existem profissionais de saúde infetados. "Nesse hospital também temos enfermeiros infetados, com a agravante de as equipas ainda não terem sido testadas. Não percebemos porquê, já insistimos. Muitos tinham férias programadas e suspenderam as férias, com medo de contaminar as famílias ou criar novos focos noutros locais", revela.
Ana Rita Cavaco volta a apontar o dedo à DGS e recorda que é necessário testar os contactos próximos dos profissionais de saúde infetados.
"Continua a ser muito importante, ao contrário do que afirma a diretora-geral da Saúde, testar estes contactos próximos, de alto risco e de alta exposição, com os profissionais de saúde infetados."
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