Crise política? "PCP não faltará a nenhuma solução. Dimensão dos problemas exige outra resposta"
Em cumprimento das normas sanitárias, Jerónimo de Sousa encerrou a Festa do Avante! mais polémica dos últimos anos.
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No encerramento da Festa do Avante! mais polémica de sempre, a crise provocada pela pandemia de Covid-19 foi tema central no habitual discurso de Jerónimo de Sousa na Quinta da Atalaia. O secretário-geral do PCP falou durante 45 minutos, perante uma plateia cheia, a cumprir as regras sanitárias, e deixou vários avisos ao Governo.
"A dimensão dos problemas exige outra resposta. O PCP está à altura das suas responsabilidades, do seu papel e dos seus compromissos com os interesses dos trabalhadores e do povo. Não vale a pena uns virem agitar com ameaças de crise política. O que se impõe é aproveitar todos os instrumentos para não permitir que os trabalhadores e o povo vejam a sua vida mergulhada numa crise diária", disse o líder comunista, numa resposta a António Costa que tinha deixado uma ameaça à esquerda devido à necessidade de negociações para o Orçamento do Estado.
Comício da 44.ª Festa do «Avante!»Comício da Festa do Avante, no Palco 25 de Abril com intervenção de Afonso Sabença (membro da Comissão Política da Direcção Nacional da JCP), Manuel Rodrigues (Director do jornal «Avante!») e Jerónimo de Sousa (Secretário-Geral do PCP).
Publicado por PCP - Partido Comunista Português em Domingo, 6 de setembro de 2020
"Como não vale a pena apressarem-se, outros, a sentenciar que o PCP não conta, que está de fora das soluções de que o País precisa", acrescentou, frisando que "se há prova que o PCP já fez é que conta, conta muito e decisivamente, como nenhum outro, para assegurar avanços no interesse das classes e camadas populares".
"O PCP não faltará, como nunca faltou, a nenhuma solução que dê resposta aos problemas, não desperdiçará nenhuma oportunidade para garantir direitos e melhores condições de vida", reiterou.
Num longo discurso fortemente aplaudido, Jerónimo de Sousa não se esqueceu de lançar críticas a PS e PSD (e também a Marcelo).
"De pouco valem declarações do PS de que não quer nada com o PSD se as opções que vier a adotar forem, mais coisa menos coisa, aquelas que o PSD adotaria, sem romper com orientações e compromissos que têm sustentado a política de direita", apontou o líder comunista.
Jerónimo de Sousa justificou-se e continuou: "Tanto mais quando se continuam a registar em matérias relevantes convergências entre os dois partidos, parte de um processo de rearrumação de forças posto em marcha, e em que o atual Presidente da República se insere, para branquear o PSD visando a sua reabilitação política e a cooperação mais intensa com o PS, indispensáveis à política de direita."
A pandemia de Covid-19 trouxe uma nova crise económica e social, mas não é responsável por tudo o que tem ocorrido, lamentou o secretário-geral comunista, que pediu a manutenção dos direitos dos trabalhadores mesmo durante os tempos "sombrios".
"A pandemia de Covid-19 veio acelerar a nova crise económica há muito anunciada, que põe a nu as enormes e inaceitáveis injustiças e desigualdades sociais que marcam a realidade de milhões de seres humanos", alertou, esclarecendo que "o grande capital procura usar a actual situação para impor uma ainda mais violenta exploração dos trabalhadores, mais graves ataques aos direitos, às liberdades, à democracia, à soberania e independência dos Estados, uma maior apropriação privada dos recursos da natureza".
Como tal, o PCP garante que vai continuar a "lutar pela eliminação dos cortes salariais associados ao lay-off, pela proibição dos despedimentos de todos os que vêm ameaçado o seu emprego e não apenas nas empresas com lucros", disse.
Para fazer face à crise, o PCP insiste ainda que é preciso combater, além dos projetos unilaterais do PS, os extremismos mais à direita.
"Não há solução para os problemas nacionais nem resposta aos interesses dos trabalhadores e do povo com as opções do Governo PS nem com os projetos reacionários que PSD, CDS e os partidos seus sucedâneos - Iniciativa Liberal e Chega - a que é preciso dar combate."
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