Critérios "mais estreitos" para evitar polícias "com comportamentos desviantes": "Ao aumentar-se o filtro, diminui-se a qualidade"
Em declarações à TSF, Armando Ferreira, o presidente do Sindicato Nacional da Polícia, responsabiliza os diversos governos por aligeirarem as exigências no acesso a esta profissão
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O Sindicato Nacional da Polícia (Sinapol) avisa, na TSF, que os critérios para entrar para a PSP deviam ser mais apertados. O Diário de Notícias revela esta sexta-feira que, nos últimos dez anos, 64 elementos das forças de segurança foram expulsos por terem cometido crimes graves, mas há ainda 122 que continuam ao serviço.
Em declarações à TSF, Armando Ferreira, o presidente do Sinapol, responsabiliza os diversos governos por aligeirarem as exigências no acesso à profissão de polícia.
Aquela malha que filtra quem entra para a PSP, se fosse mais estreita, não permitiria que pessoas com comportamentos desviantes entrassem na Polícia de Segurança Pública. E aquilo que se está a passar é que se aumentou a malha para se deixar entrar mais. Ao aumentar-se a malha, diminui-se a qualidade.
Na quinta-feira, a PSP divulgou que, num novo curso com 800 vagas, quase 170 ficaram por preencher. Armando Ferreira dá o próprio exemplo para demonstrar que a carreira na polícia é cada vez menos atrativa: "Há 31 anos, quando concorri à Polícia de Segurança Pública, estive a concorrer com 16 mil candidatos para 700 vagas. É como a lei da procura e da demanda: se há poucos candidatos, o recrutamento é feito com médias mais baixas. Tem havido anos em que o recrutamento para a PSP é feito com média negativa."
"Cada vez há menos candidatos para a PSP", alerta ainda. A justificação? "São obrigados a trabalhar até nos dias de folga, quase em regime esclavagista" e os "sucessivos" executivos "fazem ouvidos moucos a estes factos".
As candidaturas para este curso da PSP abriram no início do ano. Dos mais de três mil candidatos iniciais, a esmagadora maioria não apresentou condições. A polícia terá 633 novos elementos.
