"Crocodilo lacrimejante." Costa não quer Governo como o PSD, "partido das contas erradas"
Miranda Sarmento acusa o Executivo de estar a apostar numa "política de empobrecimento", mas Costa não acolhe a ideia. Responde com uma comparação entre os governos do PS e do PSD: "Crescemos mais do que nos governos de Cavaco Silva, nos governos de José Sócrates crescemos mais do que nos governos de Durão Barroso e de Passos Coelho."
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O PSD apontou esta quarta-feira a falta de ambição ao Orçamento do Estado em áreas como a pobreza ou o crescimento económico, com o primeiro-ministro a responder que o país cresceu mais com governos do PS do que com executivos sociais-democratas.
No arranque do debate na generalidade do Orçamento do Estado para 2023, o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, considerou que a proposta do Governo continua "uma política de empobrecimento".
"O Governo cortou meia pensão a todos os pensionistas e reformados e apenas um quinto dos funcionários públicos não perde rendimento.
O economista e deputado social-democrata questionou "que ambição tem este orçamento para combater o empobrecimento a que o país está votado, a degradação dos serviços públicos e a estagnação económica".
Na resposta, António Costa contestou a leitura dos números feita pelo PSD, defendendo que "a pobreza não está a aumentar em Portugal, mas a baixar" desde 2015 e salientou que, durante a sua governação, o PIB per capita aumentou 20%.
O primeiro-ministro garantiu ainda que, de 2015 a 2021, "a taxa de pobreza baixou para 22,4 por centos. Até 2019, "saíram da pobreza 700 mil pessoas".
"Isso significa que ao longo da minha governação crescemos mais do que no período de governação da direita. Em cada período de governação do PS, crescemos mais do que em qualquer período de governação da direita: nos governos de António Guterres crescemos mais do que nos governos de Cavaco Silva, nos governos de José Sócrates crescemos mais do que nos governos de Durão Barroso e de Passos Coelho e agora continuamos a crescer mais do que quando vossas excelências governaram", apontou.
"Esta é a realidade, são factos, são números, por mais que torça é isto que dá", acrescentou o primeiro-ministro.
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Costa atira ao PSD, um "crocodilo lacrimejante"
Pelo PS, o líder parlamentar Eurico Brilhante Dias, assinalou que contas certas não são austeridade, tal como a austeridade "nunca trouxe nem traz contas certas".
"Percebo o problema central nesta bancada à nossa direita. Vivemos, de forma muito dura, o período de governação do PSD", disse, retomando o cerco aos sociais-democratas, antes de exemplificar a partir das "contas erradas" do Executivo liderado por Passos Coelho.
"Apresentou o OE2012 em que a dívida pública foi 129%. Em 2013 foi 131,4%. Em 2015 previam 123,75% e chegaram ao fim do ano com 131,2%. Chegaram ao fim da governação sempre com contas erradas", recorda.
Com o objetivo de mostrar que o PSD tem dois discursos - um na União Europeia e outro em Portugal - sobre as taxas de juro, Brilhante Dias citou o PPE e lembrou que o PS tem dito que o Banco Central Europeu (BCE) tem de ser muito cauteloso na forma como olha para as taxas de juro porque tal toca nas prestações que as pessoas pagam e é importante para o financiamento das empresas.
"Não vale a pena dizer que é a favor do crescimento, tem de ser consequente. Não podem apoiar documentos que exigem ao BCE o aumento das taxas de juro", atirou.
De novo com a palavra, Costa escolheu responder às "incongruências" do PSD quanto ao aumento das taxas de juro, assinalando que "não há surpresas", já que o país "está habituado" que o PSD "diga uma coisa em Portugal e outra em Bruxelas" e recuperou também o caso Banif, cuja resolução acusou o PSD de esconder "para não comprometerem as eleições de 2015".
Passos Coelho voltou à conversa quando o primeiro-ministro quis assinalar "sem jogos de palavras" que "cortar é mesmo cortar", como aconteceu aquando do "corte do subsídio de Natal e de férias" no Governo de Passos Coelho.
Num ataque continuado à maior bancada da oposição, ficou ainda o aviso de que o papel do PSD "é de crocodilo lacrimejante em relação às pensões", defendendo que "foram responsáveis por austeridade".
"Nós estamos a gerir as contas públicas. Sim, temos de manter contas certas, porque não queremos ser, como o PSD, o partido das contas erradas. Portugal precisa de ter contas certas", atirou ainda.