Culturas e colmeias arrasadas. Num só dia, fogo destrói o trabalho de uma vida
O incêndio que começou no sítio do Tojeiro, em Monchique, estendeu-se ao concelho de Portimão e fez arder mais de 2 mil hectares de terrenos.
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O que viveu a família Nunes por estes dias é o exemplo do que sucedeu a alguns agricultores nos concelhos de Portimão e Monchique. No caso desta família de apicultores, foram atingidas as colmeias e todo o material necessário para produzir o mel.
"Tínhamos dois contentores marítimos cheios, arderam caixas de abelhas no campo. Ainda não fiz as contas, mas estimo que os prejuízos atinjam os 150 mil euros", revela Carlos Nunes
À volta, no terreno, encontra-se tudo em cinzas, inclusive várias viaturas. "Um, dois, três, seis carros ardidos", enumera o pai, António Manuel. A sua mulher, Maria do Rosário, lamenta também a perda das árvores, reduzidas a cinzas. "Aqueles eucaliptos até lá ao fundo era tudo nosso, a horta, as árvores, todas queimadas." Só se salvaram os animais, que se resguardaram num armazém.
A família vive no sítio da Pedreira, no concelho de Portimão, um dos locais mais atingidos pelo incêndio que começou na serra de Monchique e desceu até ao concelho vizinho.
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Maria do Rosário e o filho Carlos lamentam que a ajuda tenha chegado tarde demais. Foi apenas com uma mangueira que o patriarca da família conseguiu salvar a casa onde vivem. "O meu marido esteve a lutar sozinho com as chamas", diz com as lágrimas nos olhos. "Bastava que um carro [de bombeiros] tivesse chegado 15 minutos mais cedo", lamenta o filho. Tudo teria sido diferente e poderia ter salvado os seus haveres.
Na tarde de segunda-feira, autarcas e Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve andaram no terreno a fazer o levantamento dos prejuízos.
"Quando há eleições, nós temos que ir ter com eles, agora aqui é que está o acontecimento, eles têm que "carburar" também", diz, com ironia, António Manuel, que, apesar da situação, ainda consegue brincar.
Agora, o trabalho dos próximos dias consiste em fazer as contas ao que se perdeu e esperar que haja alguns apoios por parte do Governo. "Mas mesmo que paguem alguma coisa, ainda levará dois ou três anos a recuperar tudo", lamenta o apicultor.