Da "falta de originalidade" à "descortesia" da direita. Esquerda volta a pedir aumento do salário mínimo
O PCP pede o aumento do salário mínimo para os 850 euros, já o Bloco de Esquerda fica-se pelos 800. As recomendações ao Governo vão ser chumbadas pelo PS e pela direita.
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As propostas estão condenadas à partida, mas, tal como no passado, o PCP volta a "recomendar ao Governo" a subida do salário mínimo para os 850 euros, de forma imediata. À direita, crítica para os comunistas, por apresentarem as mesmas propostas, "sem originalidade", e o Chega anunciou que vai propor a subida do salário mínimo para os 900 euros, já em 2023.
A proposta do PCP não é nova, é debatida "sempre antes da discussão do Orçamento do Estado", como notou o PSD, e é justificada "para a melhoria geral dos salários, a mais justa redistribuição da riqueza, a dinamização da economia, e para combater a pobreza".
"O aumento do salário mínimo contribui para a recuperação do poder de compra sucessivamente perdido, para enfrentar os efeitos erosivos da inflação, bem como para estimular o consumo interno, instrumento essencial à redinamização da economia e ao reforço das receitas da Segurança Social", disse o comunista Alfredo Maia, na apresentação da medida.
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Alfredo Maia é o deputado mais recente da bancada do PCP, substituindo Diana Ferreira até março de 2023. Lina Lopes, do PSD, destacou "o pouco tempo" do comunista no Parlamento.
"Provavelmente, não tem conhecimento. Este projeto de resolução é idêntico às iniciativas que foram apresentadas pelo PCP, antes da discussão dos diferentes Orçamentos do Estado", atirou.
Ao tomar novamente a palavra, Alfredo Maia respondeu, criticando a "descortesia" da deputada social-democrata: "Registo a descortesia para com o caloiro, mas devo dizer que não me sinto diminuído pela verdura da minha experiência parlamentar".
O Bloco de Esquerda também deu entrada com um projeto de resolução, recomendando ao Governo a subida do salário mínimo, neste caso, para os 800 euros. No púlpito, o líder parlamentar Pedro Filipe Soares, criticou as políticas do Governo socialista.
"Há, de facto, um Governo que face ao maior flagelo que estamos a enfrentar, aceita que o país ande para trás e que quem tem salários, ande para trás. É incompreensível", defendeu.
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Mas o deputado do PS, Sérgio Monte, fez a defesa de António Costa, lembrando que o salário mínimo subiu desde que os socialistas assumiram o Governo, em 2015. Além disso, o Governo acordo que o assinou com a concertação social, prevê o aumento do salário mínimo, de forma progressiva, até aos 900 euros em 2026.
"Se alguém tem valorizado o salário mínimo, tem sido, efetivamente, os Governos liderados por António Costa", concluiu.
Pelos deputados-únicos, Rui Tavares notou que, nos últimos anos, o salário mínimo português "afastou-se" do espanhol. Já Inês Sousa Real defendeu a valorização dos rendimentos, lembrando que "quase dois milhões de portugueses são pobres".