Da música na varanda à recolha de alimentos. "Vizinhos à janela" galardoados com prémio europeu
Movimento espontâneo criado pelos residentes do bairro Jardim dos Arcos, em Oeiras, foi distinguido com o prémio Solidariedade Civil pelo Comité Económico e Social Europeu.
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O projeto "Vizinhos à Janela" foi galardoado esta segunda-feira com o prémio "Solidariedade Civil" do Comité Económico e Social Europeu, na categoria "oferta cultural". A ideia começou durante o primeiro confinamento e, quase um ano depois, os residentes do bairro Jardim dos Arcos, em Oeiras, continuam a combater o isolamento à janela com muita música.
"Em Itália as pessoas saíam às varandas a prestar homenagem aos médicos, a cantar os parabéns ou pôr música, e eu pensei: aqui também é possível. Comecei sozinho, aos gritos, criámos um grupo no Whatsapp e surgiu assim aos poucos e era uma festa dentro da desgraça de estarmos fechados", explica à TSF Iñago Hurtado, um dos fundadores do projeto.
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O espanhol, nascido na Catalunha e residente em Portugal há mais de 30 anos, recorda que, depois da música, as associações começaram a pedir ajuda alimentar. Os vizinhos disseram que sim. "Somos 40/50 prédios que desde abril de 2020 estamos a dar uma média de 200/300 quilos de alimentos a várias associações de Oeiras. Demos quase uma tonelada no Natal", refere Iñigo Hurtado, que se mostra muito surpreendido com o prémio de Solidariedade Civil atribuído pelo Comité Económico e Social Europeu.
"É uma coisa incrível e agora o reconhecimento da Europa. Estamos numa nuvem, ainda nem acredito", afirma Iñigo, salientando que, agora com o prémio, já recebeu pedidos de empresas para ajudarem na angariação de alimentos. O grupo de vizinhos vai receber uma quantia de 10 mil euros. Para o próximo sábado, dia 20, está agendada uma homenagem a todos os vizinhos que contribuíram para, acima de tudo, ajudar quem mais precisa.
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Os prémios foram atribuídos às candidaturas vencedoras de 21 países da União Europeia. Os vencedores foram selecionados de entre um total de 250 candidaturas apresentadas por organizações da sociedade civil, indivíduos e empresas privadas. Todos os projetos assentavam na solidariedade e apresentaram formas criativas e eficazes de fazer face aos desafios frequentemente assustadores criados pela crise.
A maioria dos projetos visou grupos vulneráveis ou as pessoas mais afetadas pela crise, tais como os idosos ou os jovens, as crianças, as mulheres, as minorias, os migrantes, as pessoas em situação de sem-abrigo, o pessoal médico, os trabalhadores e os empregadores.
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O CESE lançou o prémio em julho de 2020 sob o tema "A sociedade civil contra a COVID-19", anunciando que seria um prémio excecional de edição única, em substituição do habitual Prémio CESE para a Sociedade Civil.
Segundo o Comité, o objetivo era homenagear a sociedade civil europeia, que se empenhou ativa e altruistamente em atos de solidariedade desde os primeiros dias da pandemia.