Da polpa de tomate ao carapau: os produtos que mais aumentaram de preço no último ano
A associação Deco foi as compras e comparou a fatura com uma de fevereiro de 2022. Um cabaz com os mesmos produtos custa agora mais 45 euros.
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A 23 de fevereiro de 2022, um dia antes da guerra na Ucrânia ter início, um cabaz com 63 alimentos essenciais custava 183,63 euros. Quase um ano depois, a 16 de fevereiro de 2023, o mesmo cabaz custa 228,66, ou seja, mais 45,03 euros (mais 24,52%). As contas são da Deco Proteste.
Ana Guerreiro, da Associação de Defesa do Consumidor, afirma que a diferença é notória.
"O mesmo cabaz de bens alimentares que há um ano custava 184 euros agora custa 229 euros. Embora já se comecem a verificar ligeiras descidas da taxa de inflação, a verdade é que isso não se está a refletir no preços dos bens alimentares que continua em rota ascendente e nos leva a um cabaz que, neste momento, já custa mais de 45,03 euros do que há um ano. O que significa mais 24,52% do custo deste cabaz alimentar", constatou à TSF Ana Guerreiro.
A Deco estranha que, mesmo com a inflação a descer, os preços no supermercado continuem a subir.
"Além de não existir uma descida do preço dos produtos, nem sequer há uma estabilização porque de todos os produtos que temos acompanhado, apenas três - e falamos do azeite virgem, cebola e cenoura - têm aumentos abaixo dos 50%. Todos os outros têm aumentos entre os 52% e os 83%. Só desde o início de 2023 até hoje temos um aumento de 9,25 euros neste cabaz alimentar", explicou a responsável da Deco.
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Nos alimentos analisados pela Deco, a carne subiu 20% num ano e os congelados 14%. Ana Guerreiro considera que os consumidores têm de perceber o porquê destes aumentos contínuos e pede mais transparência e intervenção do Governo.
"Quando falamos num produtor, armazenista, distribuidor e retalhista e o que temos é o consumidor a dizer-nos que não consegue perceber o porquê deste aumento de preços, o Governo e todos os intervenientes têm efetivamente de fazer algo para que exista uma maior transparência. Na prática, se houver uma justificação para o aumento de um determinado produto, que se diga, para ficar claro para o consumidor porque é que isso está a acontecer", acrescentou.
Segundo a associação de defesa do consumidor, a polpa de tomate, o arroz carolino e o carapau foram os produtos que mais aumentaram e embora já se comecem a verificar ligeiras descidas na taxa de inflação, o preço dos bens alimentares continua a subir.
No top dos produtos alimentares que mais aumentaram entre fevereiro de 2022 e 2023 encontram-se, ainda, a couve-coração, a alface frisada, a pescada fresca, o açúcar branco, o azeite virgem extra, a cebola e a cenoura, revela ainda a Deco num comunicado enviado às redações.
Ir ao talho e comprar várias peças de carne pode agora custar 39,60 euros, um aumento de 22,81% face há um ano, quando os mesmos produtos custavam em média, 32,25 euros.
O bife de peru, as costeletas de porco e o frango inteiro são os três produtos que mais viram o seu preço subir, custando agora 7,86 euros por quilo, 5,67 euros por quilo e 2,84 euros por quilo, respetivamente.
Na secção de congelados, subida na fatura é de mais de 14%. O custo de comprar douradinhos de peixe, medalhões de pescada e ervilhas ultracongeladas pode ser agora de 15,73 euros, mais 1,88 euros do que há um ano.
Nesta categoria, os douradinhos foram o produto que mais viu o seu preço aumentar (mais 28,18% face a 23 de fevereiro de 2022), custando agora 6,10 euros por embalagem.
Já uma cesta com 14 frutas e legumes representa agora uma despesa de 29,43 euros, quando há um ano os mesmos produtos custavam 23,60 euros.
A couve-coração e a alface foram os legumes que mais aumentaram: os preços subiram 66,59% e 64,25%, respetivamente. Já nas frutas, as maiores subidas registaram-se na laranja, que subiu mais de 34%, e na banana, que custa agora mais 25% do que há um ano.
Os laticínios aumentaram 27,34% no último ano. Antes de a guerra começar, um litro de leite meio-gordo custava 68 cêntimos, um ano depois custa quase um euro (97 cêntimos), uma subida de 43%. Seis ovos, custam agora 1,62 euros, quando costumavam custar 1,20 euros.
Os produtos de mercearia estão 22% mais caros. A 15 de fevereiro deste ano esta categoria alimentar atingiu o valor mais alto do último ano: 52,70 euros, ou seja, mais 25,03% (mais 10,55 euros) do que há um ano.
A polpa de tomate, o arroz carolino e o açúcar branco formam o pódio dos produtos da categoria cujo preço mais aumentou desde que a guerra começou. No caso da polpa de tomate a subida é de mais de 61%; no arroz carolino já chegou aos 59%; e no açúcar branco atingiu os 49%.
Na peixaria os aumentos chegam aos 26,99%, ou seja, de 16,28 euros. Comprar um quilo de salmão, pescada, carapau, peixe-espada-preto, robalo, dourada, perca e bacalhau, pode agora custar 76,59 euros. Na pescada e no carapau as subidas são acima de 63% e um quilo destes produtos pode custar 9,83 euros e 5,42 euros, respetivamente. Já o salmão aumentou 32,42% e custa agora 13,75 euros por quilo.