Da posição sobre a guerra à queda eleitoral. Como olham os jovens comunistas para o futuro do partido?
No dia em que Jerónimo de Sousa deixa o cargo de secretário-geral do PCP, marcando a entrada de uma nova geração na liderança, os jovens comunistas veem futuro no partido, apesar dos desafios e dificuldades que enfrenta.
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Mariana tem 20 anos e vem de Viseu para Corroios, para a Conferência Nacional do PCP. Acaba de juntar-se à Juventude Comunista Portuguesa.
"Queria entrar já há um ano, que foi quando eu comecei a descobrir-me politicamente. Entrei agora em setembro", conta, revelando que foi a iniciação no mercado de trabalho que a impulsionou a tomar a decisão.
"Foi a primeira vez que trabalhei e tive o meu primeiro contacto com a exploração laboral. E foi aí que eu comecei a questionar o sistema", adianta. "O porquê da exploração do Homem por outro Homem - é algo que é completamente irracional."
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Simão, que tem agora 23 anos, juntou-se à JCP quando tinha 16, também ele a olhar para os direitos laborais: "Defendo os direitos dos trabalhadores e do cidadão comum, numa sociedade em que vemos que cada vez há mais discrepância entre muito ricos e pobres. Quem não está nesse elitismo, está muito no fundo. Quero lutar contra isso".
Chegam numa altura em que os comunistas perdem espaço, a nível eleitoral. Dizem que não é nada que os surpreenda.
"As votações têm estado a descer também devido ao facto de haver militantes que, eventualmente, já estão muito velhos e acabam por morrer", constata Simão.
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"Isto já era muito previsível. Devido à situação do chumbo do Orçamento [do Estado], já estávamos a ver que ia haver muita diminuição nas votações", confessa Mariana.
A polémica com a posição do partido em relação à guerra na Ucrânia, admitem, vem adensar essa queda.
"Foi um fator que prejudicou o partido", admite Simão. "Na minha opinião, acho que foi falta de comunicação concreta."
"O partido, até agora, sempre tem apelado à paz (...). Devia ter sido mais concreto na maneira como condenou", afirma.
"Nós somos um partido pacifista, nós somos contra a guerra", reforça Mariana.
Ainda assim, acreditam que há ainda caminho por fazer. "Ultimamente, tenho visto muitos jovens a aderir ao partido e à Juventude Comunista e acho que ainda há esperança para se conseguir manter o partido a lutar pelos direitos que defende", declara Simão.
Acreditam que o PCP é um partido com futuro, enquanto tiver as ruas para lutar. "Não vamos baixar a cabeça por causa disto", garante Mariana. "A luta continua."
