Dados da DGS errados? Trata-se de "vigilância epidemiológica" para "agir rapidamente"
Um estudo da Universidade do Porto coloca em causa os dados disponibilizados pela DGS. Graça Freitas explica que o reporte é feito para "detetar doentes e isolar contactos".
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Um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, publicado numa revista científica internacional, conclui que as bases de dados do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica sobre a Covid-19 têm uma qualidade baixa, com diversos erros. Graça Freitas explica que os dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) não são de "investigação científica, mas de vigilância epidemiológica", obtidos através do preenchimento de médicos e laboratórios.
"Há parâmetros que estão muito bem preenchidos, e outros, como em todo em mundo, que vêm menos preenchidos", adiantou a diretora-geral da Saúde em resposta à TSF.
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Na conferência de imprensa de atualização dos números da pandemia, Graça Freitas lembrou que, numa altura em que milhares de casos são reportados diariamente, a grande prioridade é "detetar doentes e isolar contactos". A responsável reforçou que "há um número enorme de dados a entrar todos os dias", numa situação que não é "perfeita".
Queremos vigiar para agir. Essa é a principal função
"Para efeitos de vigilância epidemiológica queremos vigilância rápida, que nos permita acompanhar a pandemia e tomar medidas. Essa é a função principal: vigiar para agir. Para os estudos mais completos contamos com a rede académica", explica.
A relação das autoridades de saúde com os cientistas é "excelente", garante Graça Freitas, que enfatiza ainda o trabalho dos académicos no combate à pandemia. "A apreciação dos dados é muito importante: ver se as bases de dados estão corretamente preenchidas e que parâmetros têm menos informação."
Universidades podem introduzir correções nas informações
A diretora-geral da Saúde lembra ainda que as universidades podem adicionar informação diretamente na plataforma e pedir esclarecimentos às autoridades de saúde.
O artigo a que a TSF teve acesso avisa que os dados disponibilizados pela DGS aos investigadores das academias apenas podem ter usos muito limitados e pouco úteis para ajudar a travar a pandemia.
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O documento aponta casos de um doente com 134 anos e três homens classificados como 'grávidos', bem como 19 doentes que supostamente teriam tido a doença antes do primeiro caso que se sabe que foi diagnosticado em Portugal.
Por outro lado, 90% dos casos da base de dados fornecida pela DGS não apresenta a data do teste positivo e uma grande parte não diz se o infetado teve ou não necessidade de ir para os cuidados intensivos.
Entre as duas bases de dados enviadas aos investigadores, uma em abril e outra em agosto, existiam muitas informações diferentes, para os mesmos doentes, em milhares de casos, nomeadamente nas doenças preexistentes (8902 casos).