Uma barbearia ao ar livre, dois barbeiros, duas cadeiras e vários bigodes para aparar. O Largo Camões foi palco de uma campanha de prevenção do cancro da próstata, no mínimo, curiosa.
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Artur Vieira está ali por acaso. "Ia a passar. Vou ali a uma exposição à Rua Garret, demos um giro e caímos aqui". Não teve como não parar, tal o cenário tão pouco comum com que se deparou, ali, bem no centro do Largo de Camões.
Em cima de um pequeno palco, duas cadeiras e dois barbeiros. Ao convite para aparar o bigode, não pensou duas vezes. Artur diz que é a oportunidade para "reviver" os tempos em que "fazia a barba em barbearias, com navalha", tal como agora lhe é proposto.
A iniciativa é da Sociedade Portuguesa de Oncologia e da Associação Portuguesa de Urologia. Pretende alertar para os riscos do cancro da próstata sob o lema "Cancro da Próstata: Vamos tocar neste assunto e dar um bigode ao cancro".
A campanha, justifica o vice-presidente da Associação Portuguesa de Urologia, Garção Nunes, é tão mais importante quanto "em Portugal, todos os anos, são identificados 3500 a 4000 novos casos", nem todos diagnosticados em tempo útil. É uma das mensagens que se pretende transmitir: a importância do rastreio para permitir um diagnóstico precoce. Garção Nunes explica que "quando diagnosticado precocemente cerca de 85% são passíveis de cura".
Então e porque se associa uma campanha de sensibilização para os riscos do cancro da próstata aos bigodes? Garção Nunes explica que "o bigode transmite alguma masculinidade e o tumor é específico dos homens". Uma associação feliz se atendermos ao número de pessoas que se detêm frente a esta barbearia ao ar livre, bem como ao número de homens, com bigode, que aguardam por vez.
João Miranda é um dois barbeiros de serviço. Trabalha numa barbearia de Lisboa contratada para esta campanha. É João que se ocupa do bigode de Artur Vieira. Explica que este é um trabalho com algumas regras. "Devemos sempre aquecer a pele com uma toalha quente" e mais importante, "nunca fazer contra o pêlo". Regras seguidas à risca com o cliente Artur que, no final, considerou a experiência "ótima".
Quanto ao resultado final: "satisfeito, acho que sim, está ótimo".