Das fotocópias ao depósito de moedas. As "cinco comissões mais bizarras" da banca
Pedir fotocópias ou depositar moedas são dois exemplos das cinco comissões mais bizarras que os portugueses pagam quando precisam dos serviços do banco. A Deco Proteste fez a lista e avisa que há autênticos "assaltos à mão armada" à carteira do consumidor.
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Há cinco comissões bancárias que a Deco Proteste considera as mais bizarras da banca portuguesa. A organização de defesa do consumidor analisou a tabela de preços de 17 bancos e descobriu verdadeiros "assaltos à mão armada" à carteira do consumidor.
Mais de seis euros por fotocópia, depositar moedas, levantar dinheiro ao balcão, pedir uma segunda via do extrato ou alterar a titularidade da conta. São estas as comissões que podem sair caro à carteira dos clientes.
Nuno Rico, da Deco Proteste, explica que muitos clientes desconhecem algumas das comissões mais bizarras impostas pelos bancos.
"Geralmente não conhecem e esse foi um dos motivos que nos levou a reeditar um estudo que fizemos em 2016 onde identificámos a questão da comissão de processamento da prestação que, hoje em dia, já é proibida para contratos de crédito posteriores a 2021. Foi graças a esse trabalho que fizemos em 2016 que se deu início a essa discussão. Foi precisamente com o espírito de contribuir para esta discussão que está atualmente no Parlamento sobre as propostas de lei que vão limitar um conjunto de comissões, mas também para alertar o consumidor para muitos custos que, muitas vezes, as pessoas não percebem", explicou à TSF Nuno Rico.
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O especialista da Deco Proteste lembra que as comissões bancárias têm engrossado os lucros dos principais bancos portugueses.
"Os cinco principais bancos em Portugal em 2022 cobraram, aproximadamente, 6,4 milhões de euros diários de comissões bancárias e isto tem um peso, nos resultados da banca, já de 91% dos seus lucros. É um assunto que é, por um lado, sensível aos consumidores porque é um custo e algo que nos pesa na carteira de forma cada vez mais significativa", afirmou o responsável da Deco.
Num estudo realizado em novembro, a Deco Proteste comparou a mesma operação feita online e ao balcão, chegando à conclusão de que havia um aumento de preço de 675%.
"Em novembro passado apresentámos um estudo que mostra o quanto é oneroso para quem não domina os meios digitais movimentar e efetuar operações na sua conta bancária à distância. Não só é oneroso como é cada vez mais difícil. Nesse estudo que apresentámos em novembro identificámos que, por exemplo, efetuar uma transferência interbancária ao balcão, comparando com a mesma operação feita online, tinha uma diferença de preço de 675%", recordou.
O responsável da Deco Proteste entende que, com este cenário, a transição digital da banca está a deixar muitos clientes para trás.
"Os cinco maiores bancos nacionais encerraram mais de metade das suas agências nos últimos dez anos. Isso leva a que alguns clientes, para se dirigirem ao seu balcão, tenham de efetuar 140 quilómetros, principalmente nas zonas do interior onde este tipo de cliente é mais comum. A banca, no seu processo de digitalização, está a deixar uma parte dos seus clientes para trás", alertou Nuno Rico.
Assim, Nuno Rico aproveita a discussão em torno das comissões bancárias no Parlamento para recomendar uma isenção de alguns serviços destinados à população com maior dificuldade como, por exemplo, os idosos.
"Por isso é que temos vindo a alertar, quer com este trabalho que apresentámos em novembro quer com este agora, o legislador para a importância de não só controlar estes custos em produtos tão essenciais como é, hoje em dia, a banca, mas principalmente para não esquecer. Sugerimos que o custo de levantamento ao balcão seja isento para clientes com determinadas dificuldades ou mais idosos", acrescentou o especialista da Deco.