DCIAP considerou que ouvir Marcelo e Costa sobre Tancos não tinha "relevância"
Diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal justificou a não-realização de inquérito com a falta de relevância para a investigação e a aproximação da "data limite para o encerramento do inquérito".
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O diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal entendeu que ouvir o Presidente da República e o primeiro-ministro no âmbito da investigação ao caso Tancos não tinha "relevância para as finalidades do inquérito".
A esta justificação, junta-se ainda uma outra: a de que "ponderada também a data limite para o encerramento do inquérito", essas mesmas diligências "não deveriam ter lugar".
Numa nota enviada às redações, pode ler-se que o diretor do DCIAP equacionou a pertinência de ouvir Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa, tendo ouvido os magistrados sobre as razões para ouvir o PR e o PM "à luz dos elementos de prova até então recolhidos".
Depois de ter analisado "direta e aprofundadamente" esses mesmos elementos de prova, o diretor do DCIAP tomou então a decisão não ouvir as figuras em questão, acrescendo à falta de "relevância" a justificação de que não se "perfilavam como imprescindíveis para o apuramento dos crimes objeto de investigação, dos seus agentes e da sua responsabilidade".
O processo que investigou o furto e a encenação da recuperação das armas dos paiós de Tancos terminou com a acusação de 23 arguidos, entre os quais o ex-ministro da Defesa José Azeredo Lopes.
Os arguidos são acusados de terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.
O caso abalou as forças armadas, levou à demissão de Azeredo Lopes em 2018 e a polémica em torno do furto, tornada pública pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, subiu de tom depois da, aparente, recuperação do material na região da Chamusca, no distrito de Santarém, em outubro de 2017, numa operação da Polícia Judiciária Militar.
Nove dos 23 arguidos são acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais e os restantes 14, entre eles o ex-ministro, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.