A carência em especialistas em saúde mental de crianças e adolescentes é generalizada mas, ao contrário do que costuma acontecer, há duas especialistas recém formadas que aceitaram começar vida nova no Alentejo; para elas e para os doentes.
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"O Alentejo é região do país com maior prevalência de doença depressiva, a maior prevalência de doença ansiosa, a maior prevalência de perturbação demencial e também a região com a maior taxa de suicídio." Ana Matos Pires, coordenadora regional de saúde mental poderia continuar a enumerar porque o Alentejo também é a região do país com mais dificuldade de acesso a cuidados de saúde ou aquela que tem a população mais envelhecida.
Não faltam argumentos e parece que as doutoras Joana e Francisca foram sensíveis a vários deles.
"Houve um trabalho de procura e de contacto com quem terminou a especialidade de pedopsiquiatria no final de 2022", admite, para explicar a proeza da coordenadora regional de saúde mental e acrescenta "foi quase uma pesca à linha".
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Houve envolvimento pessoal dos responsáveis pela saúde mental na região, as autarquias apoiam com casas ou rendas mais baratas, mas também foram abertas vagas carenciadas, as tais que tentam atrair médicos ao interior a troco de algumas benesses.
"Estas vagas implicam um aumento do salário de mais 40% ao longo de seis anos, mais dias de férias, alguns dias para fazer a mudança ou ajudam na transferência do cônjuge, caso seja trabalhador do Estado", explicou Ana Matos Pires.
Ana Matos Pires reconhece que "não é muito". Acredita que o essencial "é mesmo o trabalho" e a possibilidade de "fazer algo onde não há nada".
Só para dar alguns exemplos, graças a estas duas contratações vão ser criadas equipas de cuidados mentais na comunidade e as crianças e jovens de Portalegre podem, pela primeira vez, ter uma consulta, sem ter de esperar demasiado tempo e sem precisarem de viajar até Lisboa.