De Viana do Castelo a Faro: médicos em greve de dois dias para exigir melhores condições laborais e novo ministro
A greve nacional agendada pela FNAM decorre entre esta terça e quarta-feira e é marcada por uma manifestação esta tarde junto ao Ministério da Saúde
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Os médicos iniciam esta terça-feira uma greve de dois dias para exigir melhores condições laborais, com a Federação Nacional dos Médicos a pedir um ministro que "perceba de saúde e que consiga servir o SNS".
A greve nacional agendada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM) decorre entre esta terça e quarta-feira e é marcada por uma manifestação esta tarde junto ao Ministério da Saúde.
Em declarações à TSF, Joana Bordalo e Sá, quando questionada se vê progressos na liderança de Ana Paula Martins, em comparação ao anterior ministro da saúde, Manuel Pizarro, a coordenadora da FNAM responde que a realidade dos médicos tem piorado: "Nós neste momento não vimos qualquer progresso, pelo contrário, nós temos visto as coisas a agravar. Nós nunca tivemos tantas grávidas a terem os seus bebés nas ambulâncias, nunca tivemos tantos serviços de urgências de obstetrícia e pediatria encerrados, e temos a lista de utentes sem médicos de família também a aumentar."
Joana Bordalo e Sá considera urgente que os profissionais de saúde sejam ouvidos, nomeadamente os médicos, para que a grelha salarial fosse mais justa, mas não fica por aqui: "Era preciso também equacionar e incorporar outras soluções que têm a ver com as condições de trabalho."
A porta-voz da FNAM afirma que os médicos foram "confrontados com medidas que não deveriam acontecer", destacando duas: a possibilidade de os hospitais alterarem unilateralmente as férias dos médicos até ao fim do ano, que Joana Bordalo e Sá considera "abusiva", e o concurso nacional de colocação dos médicos.
"A questão de alterar unilateralmente as nossas férias até ao fim do ano, para colmatar a falha de médicos que existe nos serviços de urgência, é uma medida completamente abusiva que nunca devia ter sido implementada nem legislada", sublinha Joana Bordalo e Sá. Em relação aos concursos, a coordenadora da FNAM adianta que os médicos exigem voltar a haver um concurso nacional "que não seja burocrático e que os médicos possam rapidamente ser colocados no SNS".
"O responsável é mesmo o Ministério da Saúde, de Ana Paula Martins, que nada fez para reverter isto. Nós também exigimos um ministro ou ministra que perceba de saúde e que consiga servir o SNS na sua essência, que é um dos garantes da nossa sociedade e da nossa democracia", vincou.
A líder sindical disse que se preveem "constrangimentos na atividade programada, com consultas e cirurgias adiadas", entre esta terça e quarta-feira.
Joana Bordalo e Sá afirma que a FNAM ter marcado greve para esta terça e quarta-feira, os mesmos dias em que decorre a greve dos enfermeiros, foi uma coincidência, mas que "só demonstra o quão mal está o setor da saúde e como não têm sido aplicadas as medidas corretas para ter mais profissionais no SNS". "Por isso é que o nosso apelo à manifestação é que estejamos todos juntos: profissionais de saúde, utentes e a população em geral, pela defesa do que é o nosso SNS."
A paralisação da FNAM começou hoje às 00:00 e termina às 24:00 de quarta-feira, enquanto decorre em simultâneo uma greve ao trabalho extraordinário nos centros de saúde, que se iniciou em 16 de setembro e vai até 31 de dezembro.
A greve coincide também com uma paralisação de enfermeiros, convocada pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP).
Em declarações à Lusa, o presidente do SEP, José Carlos Martins, disse não ter havido qualquer articulação com os médicos relativamente à greve, tratando-se de uma coincidência.
Contudo, nem o SEP, nem a FNAM descartam que no futuro possa haver concertação para um protesto futuro com a união de todos os sindicatos da saúde.
