"Decisão prudente." MAI ordena "suspensão operacional" de 81 viaturas dos bombeiros após acidente em Odemira
António Nunes explica, na TSF, que é preciso esclarecer se "as características exigidas no caderno de encargos foram cumpridas e se essas características que estão estabelecidas são insuficientes para este tipo de viaturas"
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A Liga dos Bombeiros confirmou esta terça-feira à TSF que a ministra da Administração Interna ordenou a paragem de 81 viaturas adquiridas no mesmo lote do veículo acidentado em Odemira e que causou a morte a um bombeiro. A notícia tinha sido avançada pelo jornal Público.
Em causa estão 81 viaturas, designadamente autotanques e viaturas florestais, adquiridas no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e entregues pela Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Em declarações à TSF, António Nunes, presidente da Liga dos Bombeiros, considera que a retenção destas viaturas nos quartéis foi uma decisão "prudente". Os profissionais, revela, esperam agora os resultados de uma comissão técnica, constituída por cinco elementos, que estão a avaliar a "capacidade que essas viaturas têm de manter as características estruturais de segurança, em caso de acidente".
"Há ali um momento que é preciso esclarecer: porque é que houve deformação daqueles materiais. Qualquer material é deformável, temos é de saber se as características exigidas no caderno de encargos foram cumpridas e se essas características que estão estabelecidas são insuficientes para este tipo de viaturas", adianta.
António Nunes argumenta, contudo, que os bombeiros precisam de ter "a certeza" de que os resultados do inquérito são esclarecedores, não só do ponto de vista administrativo: "Interessa-nos ir um pouco mais à frente e isso está no espírito da senhora ministra, quando determina a suspensão da atividade operacional destas viaturas, até que seja completamente esclarecido e só poderá ser completamente esclarecido se houver peritos que digam o que é que se passou em termos de deformação da carroçaria e em que circunstâncias é que ela ocorreu."
Questionado sobre a falta de que estes meios de transporte farão na prestação de socorro, o líder da Liga dos Bombeiros avança que os veículos retirados são "de combate a incêndios florestais", pelo que, em altura de chuvas, como é esta que o país enfrenta, não são tão necessários.
"Agora, independentemente de poderem ou não, num caso ou noutro, fazerem falta aos bombeiros, certamente que o farão. Se não, não teriam sido adquiridas e distribuídas. Em primeiro lugar está a segurança dos nossos bombeiros, que todos os dias dão o melhor de si", aponta.
Um bombeiro morreu e quatro ficaram feridos, três dos quais em estado grave, na sequência do despiste do veículo de combate a incêndios da corporação de Odemira, no distrito de Beja, no dia 1 de janeiro.
Os bombeiros integravam uma das equipas de intervenção permanente (EIP) de Odemira, e regressavam ao quartel depois de terem sido chamados a intervir "numa queimada autorizada que se descontrolou" em Saboia, no interior do concelho de Odemira.
A Inspeção dos Serviços de Emergência e Proteção Civil abriu um inquérito ao acidente.
