Declarações de Lula sobre guerra na Ucrânia são "uma agressão", "perigosas" e "inaceitáveis"
As palavras de Lula da Silva sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia estiveram em análise no programa da TSF e da CNN Portugal, O Princípio da Incerteza. Lobo Xavier considera que as declarações do Presidente brasileiro são "sinistras". Já para Pacheco Pereira, as palavras do chefe de Estado brasileiro são "condenáveis" e, para Alexandra Leitão, justificam uma "demarcação" por parte do Governo e de Marcelo.
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O Presidente brasileiro, Lula da Silva, afirmou que os Estados Unidos devem parar de "encorajar a guerra" na Ucrânia e a União Europeia deve "começar a falar de paz". No programa da TSF e da CNN Portugal, O Princípio da Incerteza, António Lobo Xavier responsabilizou o chefe de Estado do Brasil pelo "tumulto" que vai causar na visita que efetua na próxima semana a Portugal, por altura das comemorações do 25 de Abril. O antigo dirigente centrista classificou ainda as palavras de Lula da Silva de insultuosas.
"O que há de novo é Lula da Silva, a propósito da guerra da Ucrânia, ter feito uma declaração, cuja fórmula tem todas as características próprias dos inimigos da posição geoestratégica de Portugal. Está lá tudo. Primeiro, quer criar uma nova ordem internacional mais justa, com outro alinhamento, quer alinhar com a Rússia e com a China para produzir uma ordem internacional que lhe agrade mais e mais justa. Isto é o mais sinistro que existe e o mais nos antípodas na política externa portuguesa", afirmou, sublinhando que Lula "pode ter as posições que quiser", mas "num conflito com esta importância gravíssima para a Europa, para o Ocidente, estas palavras, com esta fórmula, são uma agressão".
"[As palavras de Lula] procuram uma ordem internacional diferente, alinhada com quem tem apoiado a invasão da Ucrânia pela Rússia, e acusam a NATO, a UE e os EUA de instigarem a guerra", acrescenta.
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Já José Pacheco Pereira considera "perigosas" e "inaceitáveis" as declarações de Lula da Silva, e, por isso, pede protestos dentro e fora da Assembleia da República na receção ao Presidente brasileiro.
"As afirmações de Lula são inaceitáveis. Toda a gente que percebe o que se está a passar deve demarcar-se das declarações. Eu ouvi uma declaração do PS sem pés nem cabeça, uma coisa absolutamente inaceitável na situação em que estamos", defende.
Pacheco Pereira referia-se às declarações da vice-presidente do grupo parlamentar do PS, Jamila Madeira, que defendeu que Lula tem procurado fomentar "a busca pela paz" na Ucrânia. Jamila Madeira considerou legítimas as preocupações e declarações de Lula da Silva, acrescentando ainda que Portugal se revê nestas palavras.
"Um homem que vem a um país que faz parte de um continente que foi invadido militarmente, que faz parte de uma aliança política que está envolvida, mesmo que indiretamente, no conflito, não pode considerar indiferentes as afirmações de um presidente de um país nosso amigo, com legitimidade eleitoral, mas que do ponto de vista internacional são perigosas, inaceitáveis e condenáveis", refere Pacheco Pereira.
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A deputada socialista Alexandra Leitão considera que quem já estava de pé atrás com a visita de Lula da Silva, na próxima semana, fica, agora, com mais razões para colocar em causa a presença do Presidente brasileiro na sessão que antecede as comemorações do 25 de Abril.
"Isto vai ser complicado, vai criar novamente um problema complicado para o Governo, o Presidente da República e a Assembleia da República. É evidente que quem já tinha grandes reticências à própria receção, por razões erradas, agora há um conjunto de novas razões para por isso em causa. O que o Presidente Lula disse não é a posição que me parece a posição de Portugal, da UE, e que a meu ver é a correta. Nesse caso, julgo que uma demarcação [por parte do Governo e do Presidente da República] se justificaria", afirma.
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