Do telemóvel ao frigorífico, as grandes lojas não dispensam a oferta de seguros ou extensão da garantia. Mas uma coisa é oferecerem, outra é pressionarem. Há "abuso e pode ser desnecessária", adverte a Deco
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Pagar um seguro antirroubo na compra de um frigorífico pode não valer a pena, mas se for uma consola de jogos para uma criança já pode ser útil. Cada consumidor "deve ponderar bem o produto em causa, as circunstâncias em que vai ser usado e quem vai usá-lo", lembra Diogo Martins, da Deco, quando questionado pela TSF.
Outra questão tem a ver com as condições desse contrato. Geralmente, a também chamada "garantia comercial" é paga de uma vez ou mensalmente. "Convém perceber se vai muito além da garantia legal", afirma Diogo Martins.
Todos os bens móveis, mesmo os recondicionados, têm uma garantia que, por lei, é válida por três anos a partir do momento da entrega. Essa garantia só não cobre os danos causados por "mau uso".
Quem investe nesta garantia extra "acaba muitas vezes por não precisar dela ou, quando precisa, não serve para nada", comenta o técnico da Deco.
"Chegam-nos muitas queixas de pessoas que não conseguem acionar a tal garantia extra, porque são confrontadas com imensa burocracia e dificuldades, até acabarem por desistir", alerta.
Há ainda queixas pela forma agressiva como os consumidores são levados a fazer esta despesa acrescida: muita insistência dos vendedores, alegações de que a garantia legal não cobre muitas avarias ou ameaça de que, caso aconteça alguma coisa, "fica sem nada".
"É aqui que é fundamental sermos consumidores informados, até porque em algumas lojas os funcionários recebem uma comissão, não sobre o produto, mas sobre este prolongamento da garantia", afirma.
Diogo Martins lembra que a reclamação é a melhor arma. e sublinha que "só podemos dar mais um passo, por exemplo, recorrer a tribunal, se tivermos um grande volume de queixas".
A Deco recebe há anos reclamações sobre estes casos, mas quase sempre quando a tal garantia extra não funciona. De resto, acredita que "a maioria dos consumidores nem se questiona sobre se vale a pena mais este custo".