Deco diz que "é fundamental" ter dinheiro físico e dá exemplo do interior, depois de governador do BdP pedir mais caixas automáticas
No discurso de tomada de posse, no Museu do Dinheiro, Álvaro Santos Pereira defendeu que é preciso que o sistema bancário faça investimentos adequados nas máquinas de distribuição de numerário em todo o país. Na TSF, Natália Nunes, da Deco, sublinhou "aspeto que tem merecido grande preocupação"
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Álvaro Santos Pereira afirmou esta segunda-feira manhã que os bancos têm de manter caixas automáticas suficientes em todo o país para garantir que a população consegue aceder facilmente a dinheiro físico. A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco) considerou positivo o desafio deixado pelo novo governador do Banco de Portugal ao sistema bancário, mas lembrou que no interior do país faltam caixas multibanco.
“Principalmente nas zonas do interior, temos visto ao longo dos últimos tempos é uma redução, o que leva a que muitas pessoas que vivem em sítios mais isolados tenham que se deslocar muitas vezes até quilómetros para poderem levantar dinheiro”, alertou Natália Nunes, coordenadora do gabinete de proteção financeira da Deco, em declarações à TSF.
“Muitas vezes falamos daqueles mais vulneráveis, das pessoas de mais idade que ainda gostam de utilizar o numerário nos seus pagamentos. É um aspeto que nos tem merecido grande preocupação”, prosseguiu.
Natália Nunes reconheceu que alguns autarcas se têm esforçado para garantir o acesso das pessoas às caixas automáticas, mas, frisou, cabe ao sistema bancário dar essa garantia.
“Todos nós verificamos a falta que nos faz o dinheiro físico. Quando foi a questão do apagão, verificámos que é fundamental continuarmos a ter dinheiro numerário, ainda que em quantias aceitáveis. Perante uma situação de emergência ele pode fazer alguma falta”, sublinhou.
No discurso de tomada de posse, no Museu do Dinheiro, Álvaro Santos Pereira afirmou que o Banco de Portugal é neutral quanto aos instrumentos de pagamentos e à escolha dos cidadãos e que, precisamente por isso, faz parte das suas competências assegurar que os cidadãos que queiram aceder a dinheiro 'vivo' o consigam em todo o território de Portugal.
Para isso, defendeu que é preciso que o sistema bancário faça investimentos adequados nas máquinas de distribuição de numerário em todo o país.
Nos últimos anos tem sido recorrente o tema das caixas automáticas para levantamento de dinheiro, depois de terem diminuído sobretudo as da rede Multibanco.