Deco quer alargamento dos apoios ao pagamento na fatura da luz: há três milhões de portugueses em situação de pobreza energética
À TSF, a Deco reivindica "medidas urgentes para baixar o preço da energia". E isso inclui desde logo o valor do IVA e a promoção de "novas políticas públicas de apoio à eficiência energética"
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A associação de defesa do consumidor Deco estima que em Portugal existam três milhões de pessoas em situação de pobreza energética e, por isso, apela ao Governo para que alargue os apoios ao pagamento na fatura da luz.
Os números são avançados à TSF por Ana Sofia Ferreira, coordenadora do departamento jurídico e económico da Deco, que sublinha que a tarifa social para os mais necessitados é insuficiente.
"Os consumidores que vivem em situação de pobreza energética são muito mais consumidores do que aqueles que são beneficiários destas prestações sociais. É necessário olhar para o problema com uma abordagem mais abrangente e medidas que cheguem a mais consumidores", alerta, no âmbito do Dia Mundial da Energia, assinalado esta quinta-feira.
E ilustra este argumento apresentando valores: há três milhões de pessoas em situação de pobreza energética em Portugal e apenas 703 mil consumidores são beneficiários da tarifa social.
"É necessário criar apoios que cheguem a mais consumidores e informá-los sobre como podem ter comportamentos no seu quotidiano e como podem fazer alterações na sua habitação de forma a terem um consumo mais eficiente", defende.
O apelo surge na sequência de um inquérito da Deco que prova que, em matéria de energia, a faturação excessiva continua a ser a principal queixa dos portugueses: em 2024, a associação recebeu um total de 6258 reclamações e, de janeiro a abril deste ano, 2017.
"No inquérito realizado pela Deco através da sua Plataforma de Assistência e Aconselhamento de Energia, EVA, verifica-se que os consumidores pretendem baixar a sua fatura de energia, mantendo, no entanto, algum conforto térmico. Sendo certo que muitos dos consumidores já não têm esse conforto", ressalva.
Sublinhando que "muitos consumidores" admitem que durante o inverno "passam frio" por incapacidade de aquecerem a habitação devido às faturas "muito elevadas", a Deco reivindica "medidas urgentes para baixar o preço da energia". E isso inclui desde logo o valor do IVA e a promoção de "novas políticas públicas de apoio à eficiência energética".