Ventura tinha declarado que as novas linhas políticas que vão orientar o partido seriam conhecidas este fim de semana, mas voltou atrás com a palavra e entendeu que só deverão ser tornadas públicas depois do congresso.
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O presidente do Chega, André Ventura, tinha anunciado que o programa político do partido seria discutido no congresso, que está a decorrer durante este fim de semana, em Coimbra, mas não é isso que vai acontecer. Ventura revela que o programa só será debatido no Conselho Nacional, já depois de este ser eleito este domingo, uma vez que, segundo o líder do partido, o documento é de "grande complexidade".
Em declarações aos jornalistas, à chegada às Caves de Coimbra para o último dia do congresso, minutos antes do encerramento das urnas para as eleições dos órgãos nacionais do partido, Ventura confirmou que os delegados vão eleger os diferentes órgãos sem conhecer, de facto, as linhas orientadoras do mandato.
O líder do Chega garante que o programa está finalizado, mas alega que será mais conveniente debatê-lo noutra altura.
"O Conselho Nacional é um órgão onde poderemos, de forma mais calma e mais ponderada, fazer uma reunião apenas sobre o programa", disse André Ventura. "Entendemos que não é num congresso eletivo, que vai ter hoje uma eleição tão importante como a da sua direção nacional, mesa e a jurisdição, que devíamos estar aqui a desviar o assunto", justificou.
"Tínhamos esse documento preparado. Em todo o caso, entendemos, pela complexidade do documento, pelas discussões que íamos tendo com os delegados e os debates que íamos ouvindo, que era talvez um pouco extemporâneo realizá-lo hoje e que era mais adequado fazê-lo no Conselho Nacional", sustentou.
Neste congresso, André Ventura promove três mudanças na Direção Nacional do partido - entre as quais a saída do seu "braço direito" Nuno Afonso. Sobre este assunto, o líder do Chega garantiu ter falado com os dirigentes em causa antes de anunciar a decisão e, apesar das resistências à mudança, pede unidade no partido.
"Espero que o congresso dê hoje um sinal muito claro de que está de acordo com estas mudanças, de que está de acordo com a proposta que eu fiz - porque, neste partido, o programa é votado ao mesmo tempo que se vota a direção - e eu tenho que me sentir reforçado", declarou Ventura. "Não posso estar a passar para o PSD e para os outros partidos à direita a mensagem de que temos um linha clara e de que não abdicamos dela e, dentro do partido, o partido não dar essa maioria clara", atirou.
Encerradas as votações para os órgãos nacionais do partido, os trabalhos no III Congresso do Chega estão agora interrompidos até ao anúncio dos resultados eleitorais.