Demissão de chefes de equipa no Hospital de Cascais. Sindicato disponível "para fazer parte da solução"
Sindicato Independente dos Médicos alerta para o excesso de trabalho dos médicos e diz-se disponível para dialogar com a administração.
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O Sindicato Independente dos Médicos (SIM) está disponível para ajudar a administração do Hospital de Cascais a encontrar uma solução que reduza ao mínimo o impacto dos problemas do SNS no funcionamento do hospital, depois da demissão em bloco dos chefes de equipa de Medicina Interna e do diretor de Urgência do Hospital de Cascais, esta segunda-feira.
Em declarações à TSF, Jorge Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, diz-se disponível para dialogar com a administração do hospital.
“Com o agravamento do pico da gripe, que ainda estará ocorrer por estes dias, esta situação necessitaria, por parte do conselho de administração, maior celeridade. Nós estamos totalmente disponíveis para antecipar essa reunião, para fazer parte da solução.”
É preciso condições para manter os médicos no hospital de Cascais, apela Roque da Cunha. “Porque com excesso de trabalho, com este tipo de pressão, naturalmente não é possível estar a garantir um serviço de qualidade e de competência."
Devem ser criadas “condições salariais de trabalho, de poder conciliar a vida pessoal com a vida familiar e, de alguma maneira, mitigar a grande carga de trabalho que estes colegas estão sujeitos todos os anos”.
Roque da Cunha lembra que os médicos do Serviço Nacional de Saúde fizeram quase 6.500.000 horas extraordinárias em 2022 e o SIM estima que no ano passado “muito provavelmente se aproximarão dos nove milhões de hora extraordinárias, o que é totalmente impensável ser sustentável”, condena.
Os chefes de equipa de Medicina Interna e o diretor de Urgência do Hospital de Cascais apresentaram esta segunda-feira a demissão em bloco numa carta enviada ao conselho de administração.
De acordo com a carta, à qual CNN Portugal teve acesso, os clínicos demissionários afirmam que "está em causa a qualidade da atividade assistencial prestada e a segurança dos doentes" daquela unidade hospitalar, que é gerida através do modelo de Parceria Público-Privada (PPP).
Os signatários sublinham que o "rácio médico-doente" no Serviço de Observação é superior aos limites previstos nos regulamentos, destacando que têm assistido "de forma progressiva" à "degradação das condições de segurança dos doentes admitidos no Serviço de Urgência Geral".
