Demora no transporte de doente: Força Aérea garante apenas um helicóptero à noite, sindicato fala em "situação lamentável"
Este fim de semana, um doente demorou mais de cinco horas a ser transportado até Coimbra, depois da decisão de transferência do Hospital da Covilhã. Em declarações à TSF, Rui Lázaro, do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, refere que apenas uma aeronave em todo o país é "manifestamente pouco"
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O Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar lamenta que o Governo não tenha acautelado a operacionalidade dos helicópteros de transporte de doentes urgentes. Dos quatro aparelhos previstos para entrar em funcionamento, a Força Aérea só tem disponível um helicóptero à noite para assegurar o serviço. Este fim de semana, um doente demorou mais de cinco horas a ser transportado até Coimbra, depois da decisão de transferência do Hospital da Covilhã. Em declarações à TSF, Rui Lázaro considera que a solução encontrada pelo Governo para substituir os helicópteros da Gulf Med, empresa à qual foi adjudicado o serviço, não responde às necessidades.
"Alegadamente, as restantes aeronaves da Força Aérea não estão autorizadas a fazer voos durante a noite. Apenas uma estará preparada. Lamentamos é que o Governo não tenha acautelado isto, quando optou pela solução de recurso com a Força Aérea, uma vez que durante o período noturno, nas condições atuais, apenas uma aeronave em todo o país é que pode operar, o que é manifestamente pouco, como se tem verificado", explica à TSF Rui Lázaro.
O concurso público para a contratação deste serviço foi adjudicado à empresa Gulf Med Aviation Services Limited apenas no final de março.
Em julho, durante a noite, só há um helicóptero de transporte de emergência disponível para todo o território. Para Rui Lázaro, há um conflito entre a localização das bases aéreas e os hospitais que precisam deste tipo de serviço.
"Os helicópteros da Força Aérea podem aterrar onde os pilotos assim o entenderem, uma vez que estão a fazer o serviço de emergência médica, desde que sintam que têm condições para o efeito", sublinha.
Rui Lázaro recorda que, há uns meses, os helicópteros da Força Aérea andaram a fazer testes e a "aterrar praticamente em todos os heliportos dos hospitais em Portugal". "Portanto, devem ter um levantamento de quais podem e não podem ser utilizados", acrescenta.
Já o diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) remete responsabilidades para o INEM. “Esta é uma questão que devem colocar ao INEM”, afirma Álvaro Almeida em entrevista à CNN, quando questionado sobre o paciente que, no sábado, foi transferido do Hospital da Covilhã para os Hospitais da Universidade de Coimbra.
O diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS) salienta que, à semelhança do que acontece noutros países, existem diferentes níveis de atendimento hospitalar e que, em situações mais complicadas, pode haver a necessidade de transferir os doentes para hospitais mais especializados.
Defendendo que “qualquer transferência deve ser feita no mais curto espaço possível”, o diretor-executivo do SNS nega qualquer responsabilidade neste caso, sublinhando que “a transferência hospitalar não é da competência da direção executiva”.
Álvaro Almeida garante que o contrato celebrado na sequência do concurso público internacional para a contratação do serviço de helicópteros de emergência médica do INEM “não tem nada a ver com a direção executiva, não é uma competência da direção executiva”.
Segundo a SIC Notícias, na noite de sábado, só havia um aparelho da Força Aérea disponível para o transporte aéreo de doentes. Um homem com um traumatismo craniano grave demorou mais de cinco horas para ser atendido desde que foi tomada a decisão de transferência do hospital da Covilhã para o hospital de Coimbra.
Os contactos entre os hospitais começaram às 20h00 de sábado e os bombeiros foram chamados duas horas depois para ajudar na transferência, já que o helicóptero pesado da Força Aérea que partiu do Montijo não podia aterrar no heliporto do hospital da Covilhã.
Uma viatura do INEM levou o homem para o aeródromo de Castelo Branco, de onde partiu para Coimbra no helicóptero da Força Aérea. Assim, entre a decisão de transferir o doente, de 49 anos, do Hospital da Covilhã até à entrada nas urgências em Coimbra passaram mais de cinco horas.
