Tinha 8 anos quando pisou o palco pela primeira vez e percebeu que era capaz. O miúdo quis ser ator. E já lá vão mais de 70 anos de carreira.
Corpo do artigo
Muitos prémios, tantas personagens, tantas, que nem ele sabe quantas. Ruy de Carvalho é "um simples cidadão que tem jeito para representar." Ele era o galã. E hoje, como lhe chamam? "Chamam-me galã mais velho."
A filha, Paula Carvalho, sublinha o respeito e a humildade do pai pela profissão. Humildade e não subserviência. Um homem de palavra e da palavra, um distraído, mas tão distraído, que os netos lhe chamam "ZDA - Zona de Desastre Ambulante", porque tudo lhe acontece. A nódoa nas calças, a garrafa que se entorna, o guardanapo que cai...
Há 11 anos, Ruy perdeu a companheira Ruth, "o amor da sua vida." Uma mulher temperamental, com mau feitio, mas quase sempre com razão. Quando a Ruth se zangava, podia atirar o que tivesse à mão. O baralho de cartas era um trunfo nessas ocasiões. Uma cena repetida, e repetida... uma memória que pai e filha guardam com um sorriso nos lábios.
E que tal atirarmos as cartas ao ar, como se a Ruth aqui estivesse, zangada? E é isso mesmo que acontece. Como se voltássemos aos tempos do teatro radiofónico, mas com imagem.
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2018/09/adn_20180927_ruydecarvalho_aa_20180927000159/hls/video.m3u8
Tem 91 anos, uma peça e uma novela já destinadas para 2019. Agora, custa um bocadinho mais a decorar os papéis, mas continua a ser pela noite dentro, quando os ruídos adormecem, que a memória corre o texto. E a música das palavras acontece.
TSF\audio\2018\09\noticias\27\27_e_30_setembro_2018_uma_questao_de_adn_ruy_e_paula_carvalho
Uma Questão de ADN, um programa de Teresa Dias Mendes, para ouvir na íntegra a partir das 19h00