Depressão Cláudia: registadas 93 ocorrências no Médio Tejo incluindo desalojamentos

Rui Minderico/Lusa
Foram registadas 93 ocorrências no Médio Tejo até às 16h00 desta quinta-feira
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O Comando Sub-Regional do Médio Tejo registou entre as 00h00 e as 16h00 desta quinta-feira 93 ocorrências relacionadas com a depressão Cláudia, que levou chuva intensa à região, provocando dezenas de inundações e deixando três pessoas desalojadas em Abrantes.
Em declarações à Lusa, o comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil do Médio Tejo, David Lobato, explicou que Abrantes, no distrito de Santarém, é o município mais afetado na sub-região, com 33 ocorrências registadas até às 16h00, seguindo-se Sardoal e Ourém, com 14 e 12, respetivamente, Entroncamento, com nove, Torres Novas, com sete, e Tomar, com seis ocorrências.
"Desde as 00h00, temos 93 ocorrências, das mais diversas tipologias, com muitas inundações, desobstruções e quedas de árvores. O mais significativo continua a ser Abrantes, onde cinco pessoas foram retiradas das suas habitações devido à entrada de água, sendo três desalojados e dois deslocados", declarou.
Segundo o responsável, as pessoas afetadas foram realojadas em casa de familiares, até ser possível regressarem às suas habitações. Não há feridos a registar.
No total, no Médio Tejo, o número de ocorrências passou de 64, às 11h00, para 93, às 16h00, com as ocorrências a incidirem em inundações (42 no total), quedas de árvores (19) e limpezas de via (12), disse David Lobato.
"Os danos materiais são bastantes, como foi visível durante o dia. Nas próximas horas, a previsão é que a situação se mantenha um bocadinho mais aliviada, mas ainda com vento e com chuva", acrescentou.
Ao final da manhã, a maioria das ocorrências referia-a a inundações: "Temos 10 quedas de árvores, dois desabamentos de estruturas edificadas, cinco limpezas de via, uma operação de resgate aquático e 31 inundações", detalhou, sublinhando que não havia vias cortadas, mas várias zonas com lençóis de água e ribeiras transbordadas, especialmente em Alferrarede, no concelho de Abrantes.
O presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Jorge Valamatos, confirmou à Lusa "muitas situações críticas e de inundação de habitações", sobretudo devido ao transbordo de linhas de água em Rio de Moinhos, Tramagal, Alferrarede, Chainça e Rossio.
"Há pessoas desalojadas, situações que nos preocupam. Estamos a fazer o realojamento através de familiares sempre que possível e, quando não é, recorremos aos nossos meios municipais de resposta", explicou.
O autarca adiantou não haver feridos a registar, mas destacou que há "pessoas em situação de fragilidade e com bens danificados", sendo "crítico gerir este volume de ocorrências" registadas devido à forte pluviosidade.
A Avenida António Farinha Pereira, uma das principais entradas da cidade, continua a ser um ponto crítico quando há chuvas intensas, acrescentou, referindo que o município está a trabalhar em conjunto com a Infraestruturas de Portugal (IP) "para encontrar soluções para estes locais problemáticos que se repetem há vários anos".
Valamatos apelou ainda à colaboração dos munícipes: "Cumpram as regras, sigam as instruções das autoridades e colaborem para minimizar os efeitos desta chuva intensa que nos está a atingir."
De acordo com David Lobato, caíram cerca de 60 milímetros de chuva nas últimas 24 horas, valor equivalente à média mensal.
"Foi muita água em pouco tempo. Os terrenos estão saturados e, com a chuva prevista até domingo, o risco de novas inundações é elevado", alertou.
O comandante adiantou que o aviso meteorológico passou de vermelho (o mais grave) a laranja (o segundo mais grave), mas insistiu na importância de comportamentos preventivos.
"Evitar atravessar vias inundadas, manter caleiras e sumidouros limpos e adotar comportamentos de segurança. Todos nós somos Proteção Civil e só juntos conseguimos responder a estas situações", apelou.
