"Descansados, mas em alerta." Imunidade híbrida é "barreira protetora eficaz" e "boa notícia"
Ouvido pela TSF, Manuel Carmo Gomes espera que, apesar de ser mais infecciosa, a sublinhagem da variante Ómicron XBB.1.5 não traga problemas. Relativamente à exigência de testes aos passageiros que chegam da China, o epidemiologista considera que a medida apenas "atrasa" a chegada de novos casos.
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Quem teve Covid-19 e foi vacinado tem uma proteção maior contra a doença, uma imunidade de pelo menos oito meses. É essa a conclusão de um estudo coordenado pelo epidemiologista Manuel Carmo Gomes, que explica que esta imunidade híbrida é uma boa notícia, que pode deixar os portugueses mais tranquilos.
"A proteção que é conferida por esta imunidade híbrida é mais duradoura do que a proteção que é conferida só pela infeção natural ou só pela vacinação. Concretamente, ao fim do oito meses, quando as pessoas têm as duas coisas e têm imunidade híbrida ainda têm uma considerável proteção contra a infeção, qualquer coisa à volta de 65% de proteção. Temos uma barreira protetora relativamente eficaz e são boas notícias, encorajadoras, penso que podemos ficar mais descansados mas sempre alerta e atentos", afirma à TSF Manuel Carmo Gomes.
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Itália, França e Espanha são alguns dos países que já estão a exigir testes aos passageiros oriundos da China, devido ao aumento de casos de Covid-19 no país. Manuel Carmo Gomes considera que a medida é pouco eficaz.
"Não devemos ter qualquer ilusão de que os controlos aeroportuários vão impedir que entrem casos importados da China. Quanto muito, se forem usados com muito rigor, eles poderão atrasar a chegada dos casos em três, quatro, cinco semanas, mas eles chegam na mesma. Se tivéssemos que ter uma nova onda devido a esses casos, teríamos", considera.
"O que é que se ganha com os controlos aeroportuários?", questiona o especialista, e responde: "Atrasar, para ganharmos tempo, ou para saber um pouco melhor o que está a circular lá." "Não penso que seja muito eficaz", afirma.
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A sublinhagem da variante Ómicron XBB.1.5, que foi detetada nos Estados Unidos, já chegou a Portugal. O Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA) revela que foi confirmado um caso em território nacional, mas sublinha que ainda é cedo para dizer se haverá um impacto significativo.
O epidemiologista Manuel Carmo Gomes espera, no entanto, que esta sublinhagem não traga grandes problemas,
apesar de ser bastante infecciosa.
"Em questão de três semanas, passou de cinco por cento dos Estados Unidos para 40%, portanto foi uma coisa realmente meteórica, mas não existe evidência que ela seja mais patogénica. Quando ela chegar à Europa, com esta barreira imunitária que temos, em particular em Portugal graças à grande cobertura vacinal, eu tenho esperança que tenhamos apenas um aumento de casos com um pouco de reflexo nos hospitais, mas nada muito significativo", refere.
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"A situação está controlada", garante Manuel Carmo Gomes.
A XBB.1.5 é uma recombinante de duas sublinhagens da BA.2 e foi originalmente identificada em outubro de 2022, tendo já sido detetada em 29 países.
A Covid-19 é uma doença respiratória infecciosa causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, um tipo de vírus detetado há três anos na China e que se disseminou rapidamente pelo mundo, tendo assumido várias variantes e subvariantes, umas mais contagiosas do que outras.
A doença é uma emergência de saúde pública internacional desde 30 de janeiro de 2020 e uma pandemia desde 11 de março de 2020.