"Desconfiança" e "perplexidade". As reações à necessidade de dinheiro do Novo Banco

Rafael Marchante/Reuters (arquivo)
Garantia de 3900 milhões de euros pode ser esgotada no próximo ano.
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Surpresa, dúvida e perplexidade. BE, CDS e PSD reagiram, esta terça-feira, às palavras do presidente do Novo Banco, António Ramalho, no dia em que o jornal Público revelou que há uma cláusula no contrato de venda que prevê injeções automáticas de dinheiro do Estado no Novo Banco em cenários de extrema adversidade
A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua considera que a pandemia de Covid-19 está a ser utilizada como desculpa para o Novo Banco pedir mais dinheiro
No Fórum TSF, a deputada bloquista revelou não ficar surpreendida com as explicação do ministro das Finanças e que tal "veio apenas confirmar aquilo que os deputados souberam pelas notícias".
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"Há uma garantia que foi dada pelo Estado, no valor de 3900 milhões de euros, no âmbito do contrato ruinoso de venda do Novo Banco, garantia essa que o anterior ministro das Finanças, Mário Centeno, disse ao Parlamento que só seria utilizada num caso excecional e a verdade é que está quase no máximo da sua utilização, faltam cerca de mil milhões de euros", alerta a deputada.
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Nos últimos dias, o presidente do Novo Banco "veio anunciar que ia esgotar, sugar essa garantia até ao fim, dando uma desculpa que merece toda a desconfiança, que é a de que vai ter prejuízos agravados devido à crise da Covid-19".
Também no Fórum TSF, Cecília Meireles, do CDS, confessou alguma surpresa, mas diz que a cláusula da polémica não traz nada de novo.
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"Não consigo perceber a surpresa de alguns deputados que estão surpreendidos com a sua própria votação e com factos que já eram conhecidos", comenta a parlamentar. À época, recorda, "havia uma autorização da Comissão Europeia que permitia que, se fosse preciso, se pudesse ir além dos 3900 milhões de euros".
Pelo PSD, o deputado Afonso Oliveira diz não entender os argumentos do presidente do Novo Banco.
"Evidentemente, quando o contrato foi estabelecido com a Lone Star para a venda do Novo Banco, não estava prevista nenhuma pandemia", começa por notar, antes de questionar "como é possível agora, perante uma pandemia, que se ponha a possibilidade de uma transferência a efetuar para o Novo Banco nesse âmbito".
"O que posso manifestar, em nome do PSD, é a nossa perplexidade para com este tipo de afirmação, feita pelo presidente do Novo Banco", explicou.
Contactado pela TSF, o fundo Lone Star não quer fazer qualquer comentário.