Despacho do Governo autoriza hospitais do SNS a recorrerem ao setor privado e social
ARS Norte diz já estar a contactar todos os setores e refere que tem vindo a transferir doentes de Penafiel para outros hospitais do SNS: Braga, Vila Real, Bragança, Viana do Castelo e Vila Nova de Gaia.
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Começam a ver-se os primeiros sinais de colaboração entre o Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o setor privado: um despacho da ministra da Saúde, Marta Temido, permite, desde esta quarta-feira, aos hospitais do SNS suspender toda a atividade não-urgente e recorrerem (em caso de necessidade) aos hospitais e profissionais dos setores privado e social.
O distrito do Porto e o hospital de Penafiel continuam em dificuldades e é aqui - a norte - que estão a surgir os primeiros sinais concretos de colaboração com os privados.
Em comunicado, o grupo Lusíadas afirma que tem mantido contactos diretos com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte e está a preparar-se para receber doentes não-Covid nos hospitais do Porto e de Braga, além de pacientes em lista de espera para cirurgia e também que necessitem de internamento.
O grupo privado sublinha que o despacho do Governo permite, sem ambiguidades, recorrer ao setor privado e social, mas insiste que falta um protocolo formal para receber doentes Covid-19 e falta, por exemplo, definir a média de tempo e internamento destes doentes e os custos suportados pelos hospitais públicos.
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Ainda na região Norte, a TSF apurou que há contactos também com o setor social, nomeadamente com a União das Misericórdias que tem hospitais na região coberta pelo Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa - Hospital Padre Américo. No entanto, está tudo a acontecer devagar, queixa-se o enfermeiro João Paulo Carvalho.
O dirigente da Ordem dos Enfermeiros avança que, nas últimas 24 horas, há apenas menos 17 doentes nesta unidade de saúde, continuam internadas mais de 200 pessoas e há dezenas à espera de vez.
"A ARS Norte terá de dar um passo em frente, não podem continuar à espera que algo aconteça", defende o enfermeiro, que diz ser necessário definir "um plano de contingência para que situações como a do Hospital Padre Américo não voltem a repetir-se".
João Paulo Carvalho defende que os hospitais privados e do setor social "têm de ser englobados na solução de uma vez por todas", alertando que já se perdeu "demasiado tempo".
"As camas existem, estão lá, têm profissionais de saúde e, portanto, usem-se", remata.
Contactada pela TSF, a ARS Norte refere, mais uma vez, que está contactar todos os setores e que tem vindo a transferir doentes de Penafiel para outros hospitais do SNS: Braga, Vila Real, Bragança, Viana do Castelo e Vila Nova de Gaia.
Mantém-se também o protocolo com o Hospital-Escola Fernando Pessoa e o Hospital Militar do Porto e continua a falar com entidades privadas para futuros acordos.