Desvio de avião foi "autêntico ato de terrorismo a confirmarem-se as suspeitas"
Líder da Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea analisa o episódio "sem precedentes" e o comportamento dos pilotos do voo FR4978, que foi desviado para deter o jornalista Roman Protasevich.
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O presidente da Associação dos Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), Alfredo Mendonça, classifica como "sem precedentes" o desvio do avião para Minsk e que tinha como destino Vílnius.
Ouvido pela TSF, Alfredo Mendonça explica que há várias situações em que os aviões podem ser intercetados pela Força Aérea e que tem que ver com, por exemplo, violação de espaço aéreo. Alfredo Mendonça diz que neste caso "não houve violação do espaço aéreo de modo nenhum".
"Isto pode ser considerado terrorismo de Estado", diz o presidente da APPLA.
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Numa situação de alegada ameaça de bomba, há procedimentos próprios, explica, como o comandante, que é responsável pela segurança dos passageiros, aterrar no aeroporto mais próximo e o mais rápido possível.
Se o avião tiver aterrado no aeroporto mais perto, então Alfredo Mendonça considera que os pilotos agiram bem ao acatar as ordens de desvio do avião em Minsk, na Bielorrússia.
"Embora saibamos agora, tanto quanto julgamos saber pelas notícias que temos. Isto agora irá dar azo a investigações muito mais profundas, mas na verdade parece que o que a Bielorrússia pretendia prender o indivíduo que ia a bordo", sublinha, referindo-se ao jornalista e ativista Roman Protasevich.
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"Foi um autêntico ato de terrorismo a confirmarem-se as suspeitas que temos, uma coisa nunca vista e que não tem lógica nenhuma", reforça Alfredo Mendonça.
Sobre a atuação dos pilotos, que aterraram o avião no aeroporto de Minsk, Alfredo Mendonça pensa que agiram "corretamente porque tendo as portas fechadas, o avião é território nacional do país de matrícula, do país de registo do avião. No caso da Raynair o país de registo é a Irlanda, que faz parte da União Europeia, eu suponho que vá haver uma resposta coordenada a nível da Europa", e acrescenta que "a parte procedimental está toda correta. Perante um aviso de bordo, há situações que estão mais que estabelecidas."
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"Se há um aviso de bomba a bordo, compete ao comandante colocar o avião o mais depressa possível em terra e em segurança, e desembarcar. É isso que é correto. O piloto agiu com toda a correção."
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O avião aterrou em Minsk mas, a confirmar-se que o aeroporto de Vílnius é o que se encontrava mais perto, a ação dos pilotos deixa de estar correta. "Isso não teria lógica", explica o presidente da APPLA, "porque se tem o aeroporto de Vílnius mais perto, tem uma ameaça de bomba e é o destino final, era para aí que teria ido. Pode é haver procedimentos, pode ter havido uma ação de interceção dos aviões de caça da Bielorússia. Esses detalhes ainda não os temos".
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