Um projeto-piloto, coordenado pela secretaria de Estado para a Cidadania e a Igualdade, detetou 96 casos de mulheres vítimas de mutilação genital feminina em Portugal, mais 40 do que nos anos anteriores.
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Foram detetados 96 novos casos de mutilação genital feminina em Portugal no último ano. O número aumentou quando comparado com anos anteriores, de acordo com dados avançados por um projeto-piloto que arrancou em novembro do ano passado.
"Temos tido uma média de 60 casos identificados por ano. Este ano, o número de casos já registados é de 96", avançou à TSF por Rosa Monteiro, secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.
A governante considera que a identificação de mais casos este ano mostra que há "maior capacidade de diagnóstico por parte dos profissionais de saúde".
Não são casos recentes de mutilação genital feminina, nem ocorreram em Portugal, garante Rosa Monteiro. A secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade explica que são sobretudo mulheres mutiladas durante a infância e que, entretanto, imigraram para Portugal.
Rosa Monteiro revela que 61% dos casos detetados em 2019 dizem respeito a mulheres provenientes da Guiné-Bissau mas também há alguns casos da Guiné-Conacri.
Em 2018, o projeto-piloto formou mais de duas mil profissionais de saúde em prevenção e combate à mutilação genital feminina e, este ano, quase 1900 pessoas já tinham recebido formação até meados de outubro. "Em anos como 2017 tínhamos apenas 830 pessoas. Ora este é um balanço muito positivo que nos permitiu aumentar a capacidade de diagnóstico deste crime", conclui a secretária.
Rosa Monteiro considera que o projeto pode prevenir casos futuros e ajudar os médicos a fazerem um melhor tratamento para casos de mutilação genital feminina.
O projeto vai ser alargado a outras zonas da Grande Lisboa, depois de ter arrancado em novembro do ano passado em cinco Agrupamentos de Centros de Saúde que abrangem as áreas com maior prevalência do fenómeno: Almada-Seixal, Amadora, Arco Ribeirinho (concelhos de Alcochete, Barreiro, Moita e Montijo), Loures-Odivelas e Sintra.