O fim do sigilo bancário pode ajudar a combater a corrupção e a fraude fiscal? Faz sentido que esta medida se aplique apenas às contas acima de 50 mil euros? O tema esteve em debate no Fórum TSF.
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O presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade pede que seja feita a uma avaliação das medidas de combate à corrupção, antes de mudar as regras do sigilo bancário.
"Não me parece que haja uma avaliação suficiente dos ganhos e dos riscos", disse João Paulo Batalha, no Fórum TSF.
O presidente da associação para a Transparência e Integridade considera também que o limite de 50 mil euros - a partir do qual o sigilo bancário poderá ser levantado - pode ser insuficiente.
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No Fórum TSF, Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, admitiu que a base de 50 mil euros pode ser curta, mas defende que não deixa de ser "um número razoável".
"Embora possa parecer pouco, (...) a fasquia permite poder verificar montantes que pertencem ao contribuinte mas que estão distribuídos por várias contas", explicou a deputada.
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Já o PS rejeita que esta seja uma "medida casualista". O deputado socialista João Paulo Correia disse, no Fórum TSF, que o levantamento do sigilo bancário faz parte de uma estratégia para combater a corrupção e que, apesar de implicar riscos, a iniciava vale a pena.
"O bem maior justifica que se assumam esses pequenos riscos", defendeu João Paulo Correia. "Se conseguirmos continuar este caminho de combate à evasão fiscal, se conseguirmos aumentar a receita fiscal proveniente dos mais altos rendimentos, aí, sim, estamos a atingir esse bem maior", afirmou.
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Para o PCP, é essencial ter armas para combater a fraude, mas não pode haver devassa dos dados dos cidadãos, alerta o deputado Miguel Tiago.
"O levantamento do sigilo bancário não pode ser indiscriminado e não pode constituir-se como uma hipervigilância ou uma devassa da vida dos cidadãos e de todas as empresas", ressalvou o deputado comunista. "Tem de se encontrar um ponto de equilíbrio".
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*com Manuel Acácio, Nuno Domingues e Guilhermina Sousa