"Devemos redobrar cuidados." Ensino Superior promete estar atento a fraudes em exames
O risco é maior no caso dos exames de recurso, em que "o aluno pode fazer exame de uma cadeira em que poucas vezes apareceu na aula.
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O caso de duas jovens de 18 anos detidas por terem tentado fazer o exame nacional de Geografia fazendo-se passar por outras alunas aconteceu no ensino secundário, mas pode também servir de alerta às instituições do Ensino Superior.
"Vamos redobrar os cuidados", assegura a presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Maria José Fernandes. "Claro que são situações pontuais, mas colocam um alerta no sentido de termos uma maior atenção, e de, nos próximos exames, termos um maior cuidado na verificação de quem está dentro de sala de aula", sublinha a responsável pelo conselho que representa as instituições do Ensino Superior Politécnico.
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No caso dos exames de recurso, o risco de se verificar o que aconteceu na Escola Secundária Pedro Nunes em Lisboa é maior. "O aluno pode fazer o recurso de uma cadeira em que poucas vezes apareceu na aula. Claro que numa situação dessas é difícil o professor conhecer o aluno", nota Maria José Fernandes.
Por isso é que na época de exames, por regra, nos termos regulamentares, temos de exigir a confirmação da identidade da pessoa através do cartão do cidadão", destaca.
Menos provável, mas pode acontecer
A realização dos exames nacionais está sujeita a regras muito restritas, impostas pelo IAVE, o instituto público que coordena a realização destas provas finais no Ensino Secundário. No caso das universidades e politécnicos, cada faculdade tem autonomia pedagógica para definir os procedimentos de realização de uma normal frequência ou exame de fim de semestre.
São realidades diferentes, mas o presidente da Federação Nacional de Associações de Estudantes do Ensino Superior Politécnico (FNAEESP), João Pedro Pereira, reconhece que se alguém arriscar fazer o mesmo que as duas alunas detidas fizeram, pode consegui-lo com alguma facilidade no Ensino Superior.
"Não havendo presença obrigatória, é difícil um docente decorar a cara de todos os estudantes e atribuir-lhes um nome", recorda. Cada instituição tem as suas regras, e cada professor tem liberdade para seguir o modelo que ache mais pertinente.
O dirigente associativo relembra a experiência pessoal, enquanto estudante: "Ainda hoje realizei um exame e foi-nos pedido para passarmos o cartão para validar a nossa presença no exame".
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Os alunos universitários vivem agora as derradeiras semanas de mais um ano letivo, os exames agendados são muitos e os dirigentes dos politécnicos prometem estar atentos a tentativas de fraude.