Devo separar resíduos? E se estiver infetado? O que fazer com o lixo em tempo de pandemia
Corpo do artigo
As palavras reduzir, reutilizar, reciclar e reparar demoraram a entrar no vocabulário dos portugueses, mas, hoje em dia, são muitas as pessoas que fazem dos "4 R's" da sustentabilidade um modo de vida. Devido aos impactos da pandemia da Covid-19, várias autarquias já suspenderam a recolha seletiva dos resíduos e aconselharam os munícipes a fazerem uma pausa na reciclagem. Mas será que tem de parar de separar o lixo? E se estiver infetado, como deve proceder? Existem formas de reduzir a quantidade de lixo produzido em casa? Todas as respostas aqui.
Devo separar o lixo indiferenciado do papel, vidro e embalagens?
As orientações da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) são claras: se não estiver infetado com Covid-19 e não for um caso suspeito, recomenda-se que continue a a separar o papel, o vidro e as embalagens do lixo indiferenciado. Isto, se o seu município ou sistema de recolha da área geográfica não derem indicações em contrário. Desta forma, vai evitar que "os tratamentos de destino final incineração e aterro" fiquem sobrecarregados.
A separação deve continuar na generalidade do país.
Apesar de várias autarquias, como é o caso de Lisboa, terem suspendido a recolha seletiva porta-a-porta, Rui Berkemeier, da associação ambientalista ZERO, considera que "a separação deve continuar na generalidade do país". O ideal é perceber as soluções que tem e seguir as orientações da sua autarquia.
O ambientalista sublinha, contudo, que há um tipo de resíduo que não deve ser encaminhado para a reciclagem e deixa um apelo: "Não coloquem, de forma alguma, resíduos de proteção individual no contentor dos plásticos."
O mesmo apelo é feito pela porta-voz da EGF - a empresa que recolhe e trata o lixo doméstico em 174 municípios - que alerta que materiais como "máscaras, luvas e lenços nunca foram recicláveis", logo devem ser depositados "no lixo comum".
E se estiver infetado?
Se for um caso positivo ou suspeito de Covid-19 e estiver a ser tratado em casa, vai ter de pensar em soluções mais criativas para proteger o ambiente, já que as recomendação apontam para que todo o lixo produzido vá para o contentor dos indiferenciados... e com cuidados acrescidos.
Todos os resíduos produzidos pelos doentes e por quem lhes prestar assistência "devem ser colocados em sacos de lixo resistentes e descartáveis, com enchimento até dois terços da sua capacidade" para depois serem depositados num contentor, preferencialmente, com "tampa acionada por pedal".
A Agência Portuguesa do Ambiente lembra ainda que "os sacos devidamente fechados devem ser colocados dentro de um 2º saco, também fechado, a ser depositado no contentor de resíduos indiferenciados".
Como produzir menos lixo em casa?
Com a família fechada em casa a trabalhar, estudar ou mesmo a fazer tratamentos, produzir menos lixo pode ser uma tarefa difícil, mas não é impossível.
Para Rui Berkemeier o esforço deve começar na cozinha, ou seja "devemos aproveitar ao máximo e da melhor forma os alimentos que adquirimos", o que permite "não só poupar dinheiro, mas poupar deslocações às compras".
Não devemos fazer um grande armazém de embalados.
No mesmo plano, a Coordenadora do Centro de Informação de Resíduos da Quercus, Carmen Lima, recomenda que se compre "apenas aquilo de que necessitamos", isto é, "não devemos comprar legumes e frutas em grandes quantidades, mas apenas aquilo que vamos comer nos próximos três ou quatro dias".
A engenheira do ambiente avisa que não vale a pena açambarcar, até porque os supermercados não vão fechar. Por isso, adverte, "não devemos fazer um grande armazém de embalados, porque poderão passar do prazo e nós não os comermos".
Já que a família está reunida 24 horas por dia, é uma boa oportunidade para preferir "as embalagens familiares e evitar as embalagens unidose, até porque neste momento várias autarquias estão a suspender a recolha seletiva e quanto mais embalagens nós produzirmos mais lixo vai ser encaminhado quer para aterros quer para incineração".
Comprar a granel, quer em grandes superfícies quer em lojas de bairro, também continua a ser uma possibilidade, isto se tiver algum destes estabelecimentos perto da sua área de residência. Com este sistema, pode comprar "exatamente as quantidades de que precisa para os dias seguintes" e evitar o desperdício alimentar.
