Dez cadeiras vazias em 11. "Dar sangue nem se sente", "pode salvar alguém" e é preciso
O Instituto Português do Sangue e da Transplantação apela que quem dá sangue nunca deixe de o fazer. Portugal tem cada vez mais dadores, mas menos dádivas
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Das 11 cadeiras que a sala de espera do Centro de Sangue e da Transplantação de Lisboa tem apenas uma estava ocupada na manhã desta quinta-feira. A arca frigorífica onde fica guardado o sangue que foi doado nas últimas colheitas está quase vazia, sendo que o que menos se vê são os sacos com os grupos sanguíneos A e O, tanto positivo como negativo.
Em declarações à TSF, a presidente do Instituto Português do Sangue e da Transplantação (IPST), Maria Antónia Escoval, garante que o problema das reservas de sangue serem escassas nesta altura do ano tem uma causa: embora seja de “carência sazonal”, é provocado pelas infeções respiratórias, porque “qualquer dador" que esteja doente "é suspenso por 14 dias".
Para quem vai o sangue? Maria Antónia Escoval responde que são muitas as pessoas que beneficiam das dádivas, como é o caso de quem vai fazer um transplante - desde o início do ano já ultrapassam os 120, o que é “muito superior a outros anos” -, mas também os doentes oncológicos, que por vezes precisam de transfusões de forma regular.
No Inverno, os apelos às dádivas de sangue são recorrentes, ainda assim, a presidente do IPST garante que é preciso mais, já que, embora exista “um maior número de dadores”, há “menos dádivas”. Maria Antónia Escoval afirma também que “o dador regular” está a “diminuir” nos grupos mais jovens: faz uma dádiva e “não regressa”. Os homens podem doar sangue de três em três meses e as mulheres de quatro em quatro meses.
Já na sala de colheitas está Afonso Caveiro, de 20 anos, que veio pela primeira vez doar sangue. Garante à TSF que a ação que fez hoje tem um peso: "Pode salvar a vida de alguém e a mim não me faz diferença."
Na maca ao lado está Paulo Henriques, de 54 anos. Explica que vem doar plaquetas frequentemente, várias vezes por ano, o que já repetiu, no total, mais de uma centena de vezes.
Para as pessoas que têm receio, Paulo Henriques explica: “Somos tão bem tratados e tão bem acolhidos que corre sempre tudo bem. “Não custa absolutamente nada, nem se sente. Estamos a dar um pouco de nós para ajudar os outros.”
Em 2024, no Centro de Sangue e da Transplantação de Lisboa foram feitas 50 mil colheitas de sangue. Já no âmbito nacional foram 216 mil, com um total de 300 mil dadores.
