Dezenas de barcos esperados em Constância para a secular bênção da Boa Viagem
A tradição do pedido da bênção à padroeira dos marítimos nasceu há mais de 200 anos com a necessidade de pedir proteção à santa padroeira para enfrentar mais um ano de trabalho duro e muito perigoso.
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Cerca de 30 embarcações engalanadas provenientes dos municípios
ribeirinhos são esperadas esta segunda-feira em Constância, no dia grande das festas do concelho, para a secular procissão em honra da Senhora da Boa Viagem,
padroeira dos marítimos, e para a tradicional bênção dos barcos.
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A tradição do pedido da bênção à padroeira dos marítimos nasceu há mais
de 200 anos com a necessidade de pedir proteção à Santa padroeira para
enfrentar mais um ano de trabalho duro e muito perigoso, em tempos idos
em que os rios tinham fortes caudais e eram as estradas de então, com as
festas do concelho a abrangerem hoje a parte pagã e a vertente
religiosa, sendo o ponto alto a bênção dos barcos nos rios Tejo e
Zêzere, sempre na segunda-feira da Boa Viagem, feriado municipal em
Constância.
A parte religiosa "assenta na tradição marítima e na procissão em Honra
de Nossa Senhora da Boa Viagem, com a bênção dos barcos nos rios Tejo e
Zêzere e a bênção das viaturas na Praça Alexandre Herculano", sendo esta
"a raiz" de uma festa que começou com um pedido de proteção dos
marítimos à Santa Padroeira para o ano de faina que iriam ter.
"Esta tradição começou com um grupo de marítimos que se juntaram há mais
de 200 anos e que pediram, na altura, à diocese, para a construção de um
altar na Igreja Nossa Senhora dos Mártires dedicado à Nossa Senhora da
Boa Viagem", como protetora dos mesmos, explicou.
"A partir daí, todos os anos há procissão e a bênção junto aos rios",
sempre na segunda-feira de Pascoela, reunindo os marítimos e as suas
famílias, provenientes de vários municípios ribeirinhos.
Tempos em que muita gente vivia dos rios e pedia proteção à padroeira
para enfrentar mais um ano de trabalho duro e muito perigoso, e em que
os rios tinham fortes caudais e eram as estradas de então.
"Hoje, o significado da atividade marítima é bastante reduzido em
comparação com aquilo que existia até à segunda metade do século XX",
observou o autarca, tendo feito notar que, no entanto, a tradição
"mantém-se", sendo aguardadas este ano "cerca de 30 embarcações
engalanadas vindas de quase todos os municípios ribeirinhos, desde Vila
Velha de Ródão a Lisboa".