Dezenas de caravelas portuguesas dão à costa em zonas pouco habituais num fenómeno que não se via há sete anos
Só nos últimos dias há registo de 50 avistamentos. O IPMA fala numa distribuição mais para sul e alerta para os passeios na praia nos próximos dias
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Dezenas de caravelas portuguesas, capazes de provocar graves queimaduras na pele, têm sido avistadas em praias portuguesas, desde o Magoito (Sintra) até à Terra Estreita, em Tavira (Algarve), num fenómeno que não se via há sete anos. "A distribuição é toda para sul", o que não é habitual.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) pede atenção às pessoas quando forem passear à praia, até porque o veneno das caravelas continua ativo mesmo depois de mortas.
A bióloga do IPMA Antonina dos Santos refere que o inverno “tem sido muito calmo”, mas desde que março começou a situação “há muitos avistamentos”. Só nos últimos dias há registo de 50, acrescenta.
Antonina dos Santos adianta que as caravelas estão a aparecer em Sintra, nomeadamente na praia do Magoito, mas também em Tavira, no Algarve. Há também avistamentos na costa alentejana e em Setúbal.
A distribuição é toda para sul. Está relacionado com as condições de tempo que estamos a assistir, com a corrente e os ventos... Estão a levá-las para Sul. O último grande acontecimento como este de que temos registo, nesta época do ano, foi em 2018 no Algarve.
Entre as espécies deste tipo que ocorrem frequentemente a Portugal, a caravela portuguesa é a que exige mais cautela, por ser muito urticante e capaz de provocar queimaduras grave na pele, adianta aquele organismo.
A caravela portuguesa é avistada na costa portuguesa influenciada por ventos e correntes de superfície, apresenta um flutuador em forma de "balão" de cor azul e, por vezes, tons lilás e rosa, com tentáculos que podem atingir mais de 30 metros de comprimento. Estes tentáculos pendentes têm como finalidade capturar peixes para a sua alimentação.
"A caravela está a aparecer em tamanhos pequenos, portanto, os tentáculos não estão muito longos, mas podem também estar pelas praias pedaços de tentáculos, porque são animais muito sensíveis e partem-se", alerta a bióloga do IPMA.
Os tentáculos podem estar distribuídos pela praia sem repararmos. Temos que ter cuidado ao andar descalços na areia. Mesmo que pensem que estão mortos, a primeira coisa que as pessoas devem fazer é evitar tocar-lhes, porque mesmo mortos o veneno continua ativo.
A Caravela Portuguesa não é uma alforreca, mas uma colónia de organismos da classe dos hidrozoários, com indivíduos geneticamente diferentes e altamente especializados, mas que aparentam ser um único animal.
