Todos dizem que o segredo é saber assar, mas para estes vendedores é sobretudo o amor com que desempenham a profissão
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Em dia de São Martinho percorremos as ruas da cidade do Porto à procura da estrela do dia: a castanha assada. No centro da cidade, vários vendedores garantem tê-las quentes e boas, de manhã à noite.
Ao pregão junta-se o fumo e o cheiro característicos da castanha assada. Nesta altura do ano é este o cenário visto nas ruas mais emblemáticas da cidade do Porto.
Maria Anunciação, Júlio Figueiras, Rosa Santos e o marido Paulo têm todos algo em comum: são vendedores ambulantes que no inverno dedicam o seu tempo a vender castanhas assadas ao público. Entre a Sé do Porto, os Clérigos e a Rua de Santa Catarina, todos lutam para distribuir o melhor produto.
Maria Anunciação admite: “Eu quando corto a castanha e vejo que está podre, deito fora. Eu não quero cliente só para uma vez, eu quero cliente para mais vezes. Se ele vier uma vez e a castanha estiver estragada, vai e não volta. Se a castanha estiver boa, o cliente vem buscar mais e ainda agradece.”
Já Rosa, explica como dar a melhor castanha ao cliente: “Eu estou a trabalhar com a variedade da martaínha, quem conhecer sabe que é uma castanha doce, tenra e macia. É a castanha que gosto mais de trabalhar, porque é a que se assa mais rápido. O público é que me vem dizer se são boas ou não, eu sei que são porque antes de começar a vender, eu provo a castanha que vou dar ao meu cliente. Eu sou a primeira pessoa a ver se a castanha está boa ou não.”
A câmara municipal sorteia os locais onde os vendedores permanecem durante seis meses.
Este ano, os vendedores começaram a assar castanhas a 1 de outubro mas a realidade é que o inverno quente não tem ajudado a dar vazão ao fruto.
“Este ano está a ser um bocado fraco derivado ao tempo. Para nós é bom quando o tempo está fresco, assim com o calor trabalhamos um bocado mal.” Júlio acrescenta: “O tempo bom para a castanha é assim conforme está, ameno e frio.”
Três euros a dúzia é a quanto pode comprar a castanha assada no Porto.
Todos dizem que o segredo é saber assar, mas para estes vendedores é sobretudo o amor com que desempenham a profissão.
Cátia, filha de Maria Anunciação afirma: “O que gosto mesmo é fazer isto, é assar castanhas, e durante o verão fazer as romarias. É a minha vida, nasci nisto com a minha mãe e estou a manter a tradição.” Rosa diz: “A castanha enche-me o coração e a alma, é algo que não sei explicar.”
Esta segunda-feira, no dia que se celebra o São Martinho, podem-se encontrar castanhas assadas em vários pontos turísticos da cidade do Porto.
