Dia P, de Pedro Nuno. Antigo ministro regressa com ambições intactas
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Ao fim de seis meses fora da atividade política regular, depois da saída do Governo, Pedro Nuno Santos regressa esta terça-feira, como deputado, à Assembleia da República, local por onde passou nas últimas semanas, por duas vezes, para ser ouvido sobre a polémica indemnização a Alexandra Reis que ditou a sua demissão.
É um dos regressos mais aguardados dos últimos tempos da política portuguesa, como nota um parlamentar socialista à TSF, que esclarece que o agora deputado mantém "intactas" as suas aspirações políticas: suceder a António Costa na liderança do PS. Apesar da polémica com a localização do novo aeroporto de Lisboa, que deixou Pedro Nuno Santos fragilizado, e da indemnização a Alexandra Reis que levou à demissão de ministro da Habitação e das Infraestruturas, o socialista já começou o processo "de reabilitação" da imagem.
"Depois da reabilitação da imagem que fez na comissão parlamentar de inquérito, mal seria se não tivesse as mesmas ambições políticas", acrescenta o mesmo deputado à TSF.
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Antes da pausa em agosto, que marca o fim da sessão legislativa, existem poucos plenários (o último a 20 de julho), pelo que, nos primeiros tempos, os socialistas acreditam que a presença de Pedro Nuno Santos "será relativamente discreta".
Até porque, acrescenta o deputado, "o melhor que uma pessoa que quer suceder a António Costa pode fazer, neste momento, é estar quietinha e caladinha". A postura será "de lealdade" para "não ser acusado de fragilizar o Governo do seu próprio partido".
"Ele será tão interventivo quanto quiser. Sempre que quiser falar, terá essa oportunidade. Se não quiser, é algo absolutamente normal" - isto, recordando que no último congresso socialista, em 2021, Pedro Nuno Santos não falou aos congressistas e nem por isso deixou de ser um dos protagonistas.
Nova vida de Pedro Nuno fora das áreas que tutelou
À espera de Pedro Nuno Santos está uma das 120 cadeiras da sala que é o palco das sessões plenárias e onde o antigo ministro se vai sentar já na tarde desta terça-feira, às 14h00, para um debate de urgência sobre a preparação da Jornada Mundial da Juventude.
Quanto às comissões que Pedro Nuno Santos vai integrar, fonte do grupo parlamentar confirma à TSF que "não deve ser indicado para nenhuma das pastas que tutelou no passado", ou seja: ficará fora da Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação. A reorganização será feita em setembro, no arranque da nova sessão legislativa.
Um socialista próximo de Pedro Nuno Santos antevê que o antigo ministro possa integrar a comissão de Orçamento e Finanças, onde já esteve no passado. Será o local ideal para enfrentar Fernando Medina, outro dos possíveis candidatos à sucessão de António Costa.
A distribuição de deputados pelas comissões vai envolver vários socialistas e não apenas Pedro Nuno Santos. Desde janeiro, a bancada socialista teve várias saídas, como Hugo Pires ou Francisco Rocha, e não existiu uma reorganização pelas diferentes comissões.
O político "qualificado" que vai "fortalecer" o grupo parlamentar
O líder parlamentar socialista, Eurico Brilhante Dias, já antecipou um regresso pacífico de Pedro Nuno Santos à vida política, desde logo, "fortalecendo" o grupo parlamentar da maioria absoluta. À TSF, no final das jornadas parlamentares, foi perentório.
"O grupo parlamentar fica sempre mais forte quando acolhe um quadro do partido qualificado, com experiência política e governativa. Sempre vimos estas oportunidades como oportunidades de reforço da ação política do grupo parlamentar", disse Brilhante Dias, na semana passada, em entrevista à TSF.
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Admite, por outro lado, que o PS pode confrontar-se com "problemas" caso "as opiniões diferentes impliquem estratégias políticas claramente diferentes", mas está convicto que "não é o caso" de Pedro Nuno Santos: "Nunca acreditei que o PS fosse mais forte por ser monotemático e com mono-opinião".
