João Pedrosa decidiu ficar na cidade chinesa que foi o epicentro do novo coronavírus. Agora, escreve no site da TSF sobre o dia a dia em Wuhan.
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Wuhan era, até janeiro passado, uma cidade praticamente desconhecida para o mundo, mas a pandemia do novo coronavírus definitivamente colocou-a num lugar de destaque.
Apesar do malfadado acontecimento, do seu bloqueio de 11 semanas e da sua luta contra o Covid-19, existem algumas coisas que tornam esta megacidade especial e atraente.
Além da icónica Yellow Crane Tower e da ponte sobre o rio Yangtze, Wuhan é também conhecida pelos seus inúmeros lagos.
Com mais de 30 km2 de tamanho, o East Lake não tem falta de beleza e significado. Como um dos maiores lagos urbanos da China, de algum modo representa a fusão entre o humano e a natureza.
Em 2019, o East Lake foi citado como o lago mais bonito da "cintura económica do rio Yangtze".
No entanto há 30 anos, as coisas eram bem diferentes.
O ambiente ecológico do lago foi severamente afetado devido ao rápido desenvolvimento urbano.
Nos últimos anos o governo local estabeleceu um plano de gestão, chamado de agua limpa, de forma a realizar a restauração ecológica do local.
Um projeto para a criação dum Passeio Verde foi lançado em 2015, numa tentativa de oferecer aos residentes de Wuhan um local aprazível e próximo da natureza.
Com quase 102 kms de extensão, o Passeio Verde do East Lake é constituído por diversos trilhos pedestres e ciclovias, oferecendo um espaço aberto para caminhadas, corridas e ciclismo. O circuito liga as principais áreas paisagísticas vizinhas do lago
Alinhado com a noção de desenvolvimento sustentável, o governo local adotou uma serie de medidas para melhorar continuamente o sistema ecológico do East Lake.
Desde então, é um ponto de atração para os habitantes Wuhan que sempre que podem, o procuram para os ajudar a relaxar da vida agitada da cidade, mergulhar na vegetação ou simplesmente dar um passeio.
A 8 de abril Wuhan levantou muitas das restrições impostas, o East Lake reabriu algumas das suas principais áreas paisagísticas.
Como em todos locais públicos, os visitantes só podem aceder àquele após exibição do código saúde, controlo de temperatura corporal e uso de mascara facial.
Apesar de distar cerca de uma hora e meia por metropolitano do local de onde resido, agora que também disponho do código de saúde, que até inicio da semana passada estava vedado aos estrangeiros, não perdi a oportunidade de ir até lá este fim de semana.
Mesmo sem ondas, gosto de olhar as suas extensas aguas e..."ver" um imenso Atlântico.
Mantenham-se seguros e saudáveis.
João Pedrosa em Wuhan (4 de Maio de 2020)