União das Misericórdias diz que gastou menos de um décimo dos donativos amealhados sobretudo no concerto solidário transmitido pelas televisões.
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A União das Misericórdias Portuguesas gastou até agora muito pouco do dinheiro recolhido depois da tragédia de Pedrógão Grande, mas garante que o processo tem de ser naturalmente lento.
Num dia marcado pela polémica à volta das várias ações de recolha de fundos e à forma como estes estão a ser gastos, depois das queixas dos autarcas, o presidente da União explica à TSF que o processo está a andar devagar por várias razões.
A primeira e mais importante, defende Manuel Lemos, é a dimensão da tragédia que afetou uma área equivalente a "55 mil campos de futebol, sendo preciso fazer um levantamento completo daquilo que ardeu" até para evitar duplicações de apoios.
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O responsável da União das Misericórdias recorda depois que tudo isto apanhou um "período de férias: as câmaras municipais não têm técnicos que foram descansar, tal como os técnicos das misericórdias, depois de um período em que fizeram um trabalho fantástico".
Finalmente, o terceiro fator a atrasar que os apoios cheguem ao terreno são as eleições autárquicas que Manuel Lemos admite que têm influência, apesar de não querer entrar em pormenores, apenas dizendo que "dá a isto uma dimensão política muito complicada..."
Ainda não se gastou um décimo dos donativos
Manuel Lemos admite que "de facto não gastámos muito dinheiro, mas temos muita obra em curso e estas vão aumentar em setembro". As contas ainda não estão fechadas, sendo no entanto certo que não se gastou um décimo dos donativos.
Ao todo a União das Misericórdias juntou perto de 1,6 milhões de euros, grande parte arrecadado no concerto transmitido pelas três televisões generalistas, mas Manuel Lemos sublinha que há mais três entidades de peso que estão, sob orientações do governo, a gerir donativos ou fundos amealhados para apoiar as vítimas deste fogo: o Estado, a Cáritas e a Gulbenkian.
Depois, recorda o responsável, há dezenas de outras entidades que recolheram donativos e que estão há margem do controlo do governo, acreditando que é em relação a essas que se centram as críticas dos autarcas.
O responsável das misericórdias defende que o principal objetivo que têm é gastar bem o dinheiro doado pelos portugueses e que este "não se escape pelos dedos", razão que leva a que os apoios demorem mais tempo a chegar ao terreno.
Manuel Lemos receia ainda a duplicação de apoios, sublinhando que não querem que uma pessoa afetada receba duas vezes (ou mais) por um prejuízo que teve durante o incêndio, dando um exemplo.
"Imagine que umas obras custam 40 mil euros e a pessoa tem um seguro que cobre 20 mil. Nesse caso é preciso garantir que a pessoa não embolsa 20 mil euros o que também não seria justo", conclui.