Dinheiro não chega "para todas as despesas". Inflação afeta mesmo quem está empregado
Natália Nunes, da DECO, revelou, no Fórum TSF, que, em cerca de 10 mil famílias que acompanham, 61% têm membros do agregado familiar empregados. Isabel Jonet falou de uma taxa de inflação inédita desde que trabalha no Banco Alimentar contra a Fome.
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Os portugueses têm cada vez mais dificuldade em acompanhar a subida do custo de vida. A DECO e o Banco Alimentar contra a Fome alertaram, no Fórum TSF, para uma crise de inflação sem precedentes e denunciaram casos de famílias que, embora com membros do agregado empregados, confrontam uma crescente descida do seu poder de compra.
Isabel Jonet deu conta de uma situação inédita nas últimas décadas, falando de uma espécie de tempestade perfeita que ameaça até os que costumam ser solidários para com a instituição.
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Para a presidente do Banco Alimentar contra a Fome, esta é "a primeira crise com uma inflação tão grande", em 28 anos a trabalhar na organização. Apesar disso, destaca o desemprego baixo, mas alerta para a existência de "pessoas inscritas no centro de emprego a escapar a todos os apoios públicos".
A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor ilustrou com números as dificuldades crescentes de boa parte dos portugueses em acompanharem a subida dos preços, um tema bem conhecido da DECO.
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Natália Nunes, economista da associação, deu conta, no Fórum TSF, da maioria dos pedidos de ajuda que têm recebido se tratarem de pessoas que, apesar de empregadas, se confrontam com uma perda real de poder de compra.
"Relativamente às famílias que já nos pediram ajuda, este ano, em cerca de 10 mil famílias, cerca de 61% estão a trabalhar", revelou, mas, mesmo assim, "esse rendimento é insuficiente para fazer face a todas as suas despesas".
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"Estamos a falar de famílias que, confrontadas com estes aumentos, já tinham o seu orçamento delineado e não estavam à espera" da inflação e, às dificuldades com os gastos do dia a dia, ainda se somam aquelas que decorrem, para quem tem empréstimos à habitação da subida das taxas de juros.
A conjugação da realidade da inflação e aumento do custo de vida, na opinião de Natália Nunes, tem criado "grandes preocupações" às famílias nos últimos meses.
Em junho, o executivo de António Costa arrecadou, na sondagem realizada pela Aximage para a TSF, JN e DN, mais opiniões negativas na "resposta do Governo à crise" - a pergunta mensal teve um expressivo aumento de 17 pontos percentuais. Em maio 29% dos inquiridos adiantavam que a resposta à crise estava a ser má ou muito má, agora, subiu para 46%.
No mesmo sentido, são menos os que apontam a resposta à crise como boa ou muito boa. Em maio eram 26% agora, o apoio desceu para 14%, levando 89% dos inquiridos a defenderem a "necessidade de novas medidas", entre as quais a criação de limites aos aumentos dos preços de bens essenciais (67%) e baixar os impostos (60%).