Direção de Rui Rio e André Ventura terão negociado diretamente o acordo nos Açores
A notícia é avançada pelo jornal Expresso, que indica mesmo a existência de um alegado encontro pessoal entre os próprios líderes do PSD e do Chega.
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O PSD garante, oficialmente, que o entendimento com o Chega nos Açores se deu apenas ao nível regional. No entanto, terão existido encontros ao mais alto nível entre os dois partidos, para acertar os detalhes do acordo.
Rui Rio sempre frisou a autonomia da comissão política regional do PSD nos Açores, escusando-se, publicamente, a encarar responsabilidades no acordo com o partido de André Ventura. Mas o jornal Expresso assegura, contudo, que o PSD nacional apontou um nome para dialogar com André Ventura, a nível superior.
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Terá sido o próprio líder da bancada parlamentar do PSD, Adão Silva, a reunir com o líder do Chega, na Assembleia da República, três dias após as eleições açorianas, para discutir um entendimento para possibilitar a governação à direita nos Açores. Em troca, André Ventura terá, segundo o Expresso, apresentado a condição de um compromisso de revisão constitucional por parte do PSD.
Além desta reunião, terá sido combinado um encontro pessoal entre os presidentes dos dois partidos, Rui Rio e André Ventura, que acompanharam de perto as negociações que estavam a ser feitas nos Açores, embora nenhuma das partes confirme este acontecimento.
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Confirmado oficialmente pelo gabinete de comunicação do PSD ao Expresso está o facto de o partido ter supervisionado a forma como a divulgação do processo foi gerida publicamente. O comunicado do Chega a anunciar o acordo parlamentar nos Açores teve de receber luz verde da direção do PSD, uma vez que Rui Rio não queria dar a entender que o entendimento teria uma dimensão nacional e André Ventura não queria correr o risco de vir a ser desmentido.
Com o acordo nos Açores fechado, a polémica estalou - e ganhou contornos de dimensão ainda maior quando Rui Rio admitiu negociações futuras a nível nacional se o Chega adotasse uma postura política "mais moderada". A revelação gerou críticas da esquerda à direita, com um grande número de figuras do próprio PSD a contestar a possibilidade, afirmando que a identidade do partido de André Ventura não se altera e que esta fere os princípios social-democratas.
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Em reação a esta notícia do Expresso, o PSD diz lamentar profundamente que a direção do jornal tenha decidido "fazer (mais) um frete político" ao PS.
"Um título de primeira página que é objetivamente mentira. Não há qualquer entendimento de nível nacional e a negociação dos quatro pontos que viabilizam os votos favoráveis dos deputados açorianos do Chega ao Governo PSD/CDS/PPM foi feita a nível regional, como sempre informamos", pode ler-se no comunicado enviado pelo PSD.