A polémica substituição de bancos por encostos em paragens de autocarros da Carris subiu esta quarta-feira à reunião do executivo municipal em Lisboa
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A questão foi levantada pelo deputado municipal do Bloco de Esquerda Ricardo Moreira, uma semana depois de ativistas do grupo Infraestrutura Pública terem construído e instalado um banco de madeira numa paragem perto da Praça do Marquês de Pombal para mostrarem que fazem falta assentos. O banco improvisado serviu de descanso para muitos utentes, mas desapareceu cerca de 12 horas após a instalação.
A polémica envolve as obras das novas paragens de autocarro e o contrato de publicidade da câmara de Lisboa com a JCDecaux.
Ricardo Moreira levou mais de 20 fotografias tiradas em paragens desde a Avenida Fontes Pereira de Melo, Avenida da República e Alameda para mostrar os obstáculos que os peões e utentes dos transportes públicos têm de enfrentar na cidade.
O bloquista acusou o autarca Carlos Moedas de inação perante a falta de condições das paragens: “Não o ouvi dizer nada sobre a maneira como a JCDecaux tem tratado as pessoas em Lisboa. Bancos que não são bancos, buracos por todo o lado, sacos de obras deixados em todo o lado.”
O vereador do bloco insistiu numa auditoria à empresa de publicidade de rua e apontou que o executivo de Carlos Moedas não cumpriu a promessa de ter iluminação nas paragens até 26 de outubro. “E esta câmara decidiu uma auditoria do LNEC à execução do contrato da JCDecaux. Sr. presidente, onde é que está essa auditoria?”, questionou.
Por fim, Ricardo Moreira convidou Carlos Moedas a marcar presença esta quinta-feira numa ação de rua às 18h00, junto à paragem na Avenida Fontes Pereira de Melo, onde os ativistas instalaram um banco feito à medida numa oficina, com madeiras que foram recolhendo.
Na resposta, Carlos Moedas disse que o Bloco de Esquerda votou a favor da adjudicação do contrato e justificou que as novas paragens da Carris cumprem as regras da acessibilidade.
“O contrato diz que iriam ser adjudicados 2000 abrigos de paragens de transportes públicos. Desses, aliás, 1700 já foram aprovados. E, desses, há dois por cento, ou seja, 40, que têm uma barra de apoio. Sabe porque é que têm essa barra de apoio? Para respeitar a lei das acessibilidades, para as pessoas que, por exemplo, estão em cadeiras de rodas, possam ter acesso”, sublinhou.
São precisamente esses dois por cento de bancos que o grupo Infraestutura Pública reclama e quer repor nas paragens de autocarro em toda a cidade.