Diretor da Faculdade de Medicina do Porto defende que alunos têm direito a entrar no curso e recusa "cunhas"
Altamiro da Costa Pereira assume que existiram erros no processo, mas que os candidatos não têm culpa nem devem ser penalizados
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O diretor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Altamiro da Costa Pereira, considera que os candidatos que foram aceites e depois recusados na instituição têm todo o direito de frequentar o curso e recusa a existência de cunhas para que fossem admitidos.
“As declarações do Reitor pressupõem que alguém poderoso quis meter cunhas para entrarem pessoas indevidamente na Faculdade de Medicina e isso não é verdade. Entre os candidatos, não há filhos de ninguém importante, pelo contrário é tudo gente do povo”, disse Altamiro da Costa Pereira ao Expresso.
A FMUP abriu 37 vagas no concurso especial para 2025/2026, mas apenas sete cumpriam a nota mínima de 14 na prova de acesso. No entanto, já depois dos resultados terem sido conhecidos, os seis professores quem compõem a comissão de seleção do concurso decidiram baixar a nota mínima para dez, permitindo a admissão desses 30 candidatos. Sem informar o reitor da Universidade do Porto, António Sousa Pereira, a quem cabe homologar os resultados, a FMUP decidiu notificar os candidatos de que tinham sido admitidos.
"A decisão da comissão pode não ser legalmente admissível, mas foi tomada em boa-fé e com a melhor das intenções. É moralmente aceitável porque não prejudicava ninguém", considera Altamiro da Costa Pereira.
António Sousa Pereira só soube da alteração vários dias depois e recusou homologar os resultados e admitiu apenas os sete candidatos que tiveram 14 ou mais valores na prova de acesso, passando as restantes 30 vagas para o concurso nacional de acesso.
Contudo, conta Altamiro da Costa Pereira, os candidatos já tinham sido notificados: "Uma senhora de Vila Real falou comigo lavada em lágrimas porque, depois de ter sido notificada de que tinha sido admitida, e pensando que isso era oficial, decidiu vender a casa e despedir-se do seu trabalho como farmacêutica em Vila Real para vir estudar para o Porto."
Admitindo que houve erros no processo, o diretor da FMUP defende que "os candidatos não tê culpa" e garante que, se forem para tribunal, estará do lado deles. Altamiro da Costa Pereira considera que "nunca devia ter existido uma nota mínima" e que os alunos "não devem ser prejudicados por causa de um regulamento estúpido".
O diretor da FMUP informa que o Conselho Científico da faculdade decidiu por unanimidade baixar essa nota mínima para dez valores, proposta que tinha rejeitado, também por unanimidade, em janeiro.